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    Ciência e Cultura

    Print version ISSN 0009-6725On-line version ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. vol.58 no.4 São Paulo Oct./Dec. 2006

     

     

     

    MÍDIA

    Ministério faz mapeamento dos programas de rádio

     

    Há menos de um século surgia a primeira emissora de rádio no Brasil já com o propósito de "ser a escola dos que não tiveram escola", como disse um dos seus fundadores, o educador Edgard Roquette-Pinto. Inaugurada em 7 de setembro de 1923, a Rádio Sociedade foi idealizada na Academia Brasileira de Ciências, e oferecia uma programação voltada para o cotidiano científico, com palestras, notícias de jornais comentadas e debates com cientistas ilustres em visita à então capital do país, o Rio de Janeiro. Assim foi com Albert Einstein, em 1925, que destacou o rádio como instrumento da divulgação científica.

    É a mesma convicção que levou o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), através do Departamento de Popularização da Ciência, a organizar, em junho último, o primeiro seminário para discutir experiências de programas radiofônicos sobre ciência e traçar diretrizes para políticas de incentivo a esse tipo de divulgação. O rádio, que já foi o veículo mais popular do país, hoje está em segundo lugar: segundo dados de 2004 do IBGE, 90,3% dos domicílios brasileiros possuíam aparelho de TV e 87,8% rádio.

    O próximo passo no plano governamental é mapear os programas de ciência, existentes nas emissoras nacionais, o que permitirá melhorar o intercâmbio entre os profissionais, criar programas de apoio governamentais para divulgar ciência e tecnologia por esse meio, além de incentivar programas focados nesses temas, dando maior visibilidade a atividades científica do país. A coordenação desse trabalho é de Ildeu de Castro Moreira, diretor do Departamento de Popularização da Ciência, que trabalhará em parceria com a Empresa Brasileira de Radiodifusão (Radiobrás), Museu da Vida da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em colaboração com o projeto europeu Science in Radio Broadcasting European (SCIRAB).

    NA EUROPA Os pesquisadores do projeto europeu — Matteo Merzagora, Marzia Mazzonetto e Elisabetta Tola — realizaram um mapeamento de 75 programas de ciência no rádio em 16 países. Verificou-se que a maioria deles era diário ou semanal, com duração de 30 minutos, tinham mais de cinco anos de existência e dois terços dos apresentadores eram jornalistas especializados em ciência. Na Europa, o veículo tem grande força, já que 27% da população considera o rádio o meio de comunicação mais confiável, à frente da TV e da mídia impressa. "Há muita ciência no ar na Europa", afirma Marzia, "é possível ouvir ciência no rádio das 6hs à meia noite, sete dias por semana, sem interrupção, mudando de estações nas rádios européias". Na Inglaterra, o rádio supera a TV em audiência e na Itália possui cerca de 37 milhões de ouvintes.

    A experiência européia deverá servir de base para o projeto brasileiro que, no entanto, atuará em uma dimensão muito ampliada, já que são mais de 8,5 milhões de km2 de território, por onde estão espalhadas 1.335 emissoras comerciais AM e outras 938 que operam em FM. Com tal amplitude, a expectativa é que haja colaboração de diferentes frentes de informação. Moreira informa que, quem tiver conhecimento de programas de ciência no rádio ou profissionais que trabalham neles, pode informar pelo e-mail radiociencia@fiocruz.br. Sua expectativa é concluir o mapeamento ainda este ano.

    Para os pesquisadores italianos, o rádio pode ser um importante difusor de informações científicas, embora hoje ainda seja subutilizado. Por suas características — baixo custo, amplo alcance, acessível à população de baixa renda e que possibilita uma comunicação tão amistosa com o ouvinte — seria, certamente, o meio ideal para debater questões controversas na ciência.

    RÁDIO WEB Durante o encontro do MCT, foi lançada a Rádio Web (http://agenciact.mct.gov.br/index.php/content/view/40010.html), canal de comunicação do ministério voltado à divulgação de notícias e informes sobre ciência e tecnologia. As notícias ali divulgadas poderão ser retransmitidas gratuitamente por outras emissoras.

    O representante do MCT acrescenta que a TV, veículo de comunicação mais popular no país, requer um trabalho semelhante. Muitas dos programas científicos hoje existentes costumam ser transmitidos em horários de baixa audiência e as notícias jornalísticas geralmente não dão espaço para debates e diálogos, ao menos na TV aberta. Segundo Moreira, até o final do ano o MCT promoverá um seminário sobre ciência na TV que seguirá a mesma linha do evento sobre rádio.

     

    Germana Barata