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    Ciência e Cultura

    versão impressa ISSN 0009-6725versão On-line ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. v.59 n.1 São Paulo jan./mar. 2007

     

    AMAZÔNIA

    MUSEU PARAENSE RETRATA AVANÇO CIENTÍFICO NA REGIÃO

     

    Naturalistas de diversos países há muitos anos vêm se encantando com a exuberância da fauna e flora amazonenses e, apesar da crítica sobre a redução de espécies e espécimes, a região continua protagonista de discussões internacionais sobre meio ambiente. Nesta trajetória está o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), localizado em Belém, que conta a história das explorações da maior floresta tropical do mundo e das mudanças de interesses que impulsionaram a ciência na região.

    Em mais de 135 anos de existência, o museu sempre contou com a participação de especialistas e dirigentes estrangeiros, marca que permanece até hoje. O livro As origens do Museu Paraense Emílio Goeldi: aspectos históricos e iconográficos (1860-1921), da Editora Paka-Tatu (413 págs), lançado no final de 2006, reúne cerca de 250 imagens, muitas inéditas, e informações detalhadas sobre a concepção, a instalação e a consolidação dessa instituição que é referência internacional para estudos etnográficos e de história natural da Amazônia.

    Os autores – Luís Carlos Bassalo Crispino, professor do Departamento de Física da Universidade Federal do Pará (UFPA), Vera Burlamaqui Bastos, chefe do setor de flora da instituição, e Peter Mann de Toledo, diretor do (MPEG) entre 1988 e 2005 – conseguiram juntar um rico de material que, para historiadores, será certamente um deleite. São mais de mil notas, bibliografia, relação dos arquivos, bibliotecas, acervos e instituições de pesquisa no Brasil e no exterior, que contribuíram para a pesquisa. As citações e fontes que compõem a história da instituição também foram recuperadas e a conclusão da pesquisa levou à organização do arquivo Guilherme de La Penha, pertencente ao museu. Além da consulta a várias fontes primárias, como ofícios, cartas, relatórios provinciais e institucionais, os organizadores também fizeram uso de jornais de época. A obra reproduz, ainda, 20 cartões postais de interiores do museu, publicados no Álbum do Estado do Pará em 1908, em comemoração aos oito anos do governo do Estado do Pará.

     

     

    ORIGEM O Museu foi idealizado a partir da percepção de que Belém abrigava grande fluxo de naturalistas que lá permaneciam ao fim das expedições pela Amazônia, antes de retornarem a sua pátria, carregados de ricas coleções de animais e plantas, que nem mesmo os nativos conheciam. O então presidente da província do Pará, Antonio Coelho de Sá e Albuquerque, contratou em 1859 os serviços do naturalista francês Louis Jacques Brunet para coletar material em explorações pela província. Depois de frustradas tentativas, a instalação se oficializou em 1871 e sua consolidação ocorreu durante a direção do zoólogo suíço Emílio Augusto Goeldi (1859-1917) e dos administradores estrangeiros que o sucederam até os idos de 1921. Atualmente o Museu está vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia.

    Emílio Goeldi administrou o então chamado Museu de História Natural e de Etnografia entre os anos de 1894 e 1907. É certo que o momento político econômico do recém-proclamado Estado do Pará era propício, em função dos lucros vindos da exportação da borracha, mas Goeldi foi capaz de atrair um montante considerável para o orçamento anual da instituição, como nunca antes havia sido conquistado. Ele ampliou o edifício e priorizou o estudo de problemas relacionados à economia social da região.

    A decisão de homenagear o zoólogo, batizando o Museu com o seu nome, ocorreu na virada do século XX, outorgada pelo governador da época, Lauro Sodré. A honra lhe causou embaraço, porque à época Goeldi ainda atuava como diretor do MPEG. A gentileza decorreu de sua atuação junto à Suíça, país que julgava uma disputa internacional sobre os limites da região das Guianas envolvendo França e Brasil. Sua influência teria impulsionado a resolução da questão, culminando na incorporação da área do atual estado do Amapá ao estado do Pará. Em 1907 Emílio Goeldi voltou a seu país natal alegando preocupação com a educação dos filhos e com sua saúde.

     

    Germana Barata