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    Ciência e Cultura

    Print version ISSN 0009-6725On-line version ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. vol.59 no.2 São Paulo Apr./June 2007

     

     

     

    QUÍMICA

    Busca de maior eficiência no combate ao câncer

     

    Obter uma formulação que melhore a ação dos quimioterápicos utilizados no tratamento de pacientes com câncer é o objetivo da pesquisa desenvolvida pela farmacêutica Carmem Veríssima, do Instituto de Biologia (IB) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em parceria com a Universidade de Gronigen, na Holanda. Os resultados preliminares mostram que é possível diminuir em até 20 vezes a quantidade de medicamento, o que melhoraria consideravelmente a qualidade de vida do indivíduo em tratamento.

    A quimioterapia é uma associação de remédios que o paciente recebe por via intravenosa ou por via oral. Num determinado estágio do tratamento, entretanto, devido a um processo ainda pouco conhecido, as células tumorais submetidas à terapia desenvolvem mecanismos de resistência. Elas passam, então, a rejeitar o medicamento e bombeá-lo para fora. Os médicos precisam, então, aumentar a quantidade da medicação para que a célula aproveite uma percentagem mínima dos chamados antineoplásicos. A conseqüência danosa desse processo é o aumento de efeitos colaterais. O objetivo da quimioterapia é impedir a replicação das células tumorais e levá-las à morte. Porém, como seu efeito tem ação direta no crescimento celular, todas as células do organismo estão suscetíveis a sofrer com a quimioterapia. "Algumas drogas são tóxicas para o rim, outras para o fígado, o coração, cérebro ou para os nervos. Os efeitos colaterais mais evidentes são a queda de cabelo (alopécia), a náusea e o vômito", explica Emerson Gatti, oncopediatra do Centro Infantil Boldrini, referência no tratamento de câncer infantil.

    INIBIDOR DA FOSFATASE O foco da pesquisa da Unicamp é um grupo de proteínas chamadas fosfatases, importantes no processo de proliferação celular. "Comparando dois grupos de células leucêmicas, um deles já no processo de resistência à quimioterapia e o outro ainda não, percebemos que nas células resistentes havia um nível maior de proteína fosfatase", diz Carmem. O passo seguinte foi isolar o tipo específico de proteína fosfatase responsável pela resistência à terapia por meio de técnicas de biologia molecular. "A partir disso pudemos criar um composto para inibir a ação da proteína na célula, melhorando, portanto, a eficiência do tratamento com quimioterápicos", completa.

    Os tumores são divididos em dois grandes tipos: os líquidos que englobam as leucemias e linfomas, e os sólidos, que ocorrem em órgãos do corpo humano. Além de trabalhar com células leucêmicas, o grupo de pesquisa do IB fez testes também em células tumorais de câncer de próstata e de pâncreas para checar se o processo com inibidores ocorria em tumores do tipo sólido. Os resultados dos testes, até agora apenas in vitro, foram positivos.

    A pesquisadora enfatiza, entretanto, que não se trata de um novo quimioterápico, mas de uma formulação que combina os quimioterápicos tradicionais com um inibidor da proteína fosfatase. O principal ganho é que com o uso do inibidor nos testes in vitro, o quimioterápico passou a ser ministrado em doses mais de 20 vezes menores e por menos tempo. "Isso poderá ajudar a diminuir os efeitos colaterais desses fármacos, melhorando a qualidade de vida do paciente e menor custo no tratamento", ressalta a pesquisadora.

     

    Patrícia Mariuzzo