SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.59 número3 índice de autoresíndice de materiabúsqueda de artículos
Home Pagelista alfabética de revistas  

Servicios Personalizados

Revista

Articulo

Indicadores

    Links relacionados

    • En proceso de indezaciónCitado por Google
    • No hay articulos similaresSimilares en SciELO

    Compartir


    Ciência e Cultura

    versión impresa ISSN 0009-6725versión On-line ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. v.59 n.3 São Paulo jul./sep. 2007

     

     

     

     

    EXPOSIÇÃO

    Darwin: vida e teoria da evolução no MASP

     

    Os pisos inferiores do Museu de Arte de São Paulo (MASP) ganharam ares das galerias típicas de museus de história natural, com bichos vivos ou empalhados, e imagens de seres dos mais diversos períodos históricos.

    Com a exposição Darwin, também foram arrastados para o museu de arte os estilos museográficos presentes nas instituições de história natural e de ciências e seu forte apelo à realidade visível, concretizada num conjunto de diferentes artefatos. A frase escrita por Charles Darwin – "A viagem do Beagle foi de longe o acontecimento mais importante da minha vida e determinou toda minha carreira" — reproduzida em um dos painéis por onde o visitante adentra a exposição, pode ser um dos fios que tecem a experiência da visita.

    Entre "treinamento da verdade" ou "a educação da mente", também palavras de Darwin, o trabalho desenvolvido nos cinco anos que durou a viagem de volta ao mundo com o navio Beagle é apresentado detalhadamente em vários painéis — com imagens e textos — e em instalações com réplicas de fósseis e animais vivos ou conservados por diferentes técnicas da zoologia. É registrada, com ênfase, sua passagem pelo Brasil e outros países da América Latina, sendo as Ilhas Galápagos o destaque museográfico de toda exposição, embora a mistura de linguagens, artefatos e a simplificação de vários conceitos possam ser objeto de críticas.

    A viagem do Beagle é o ícone na exposição para apresentar um Darwin antes e depois, e uma conseqüente história natural antes e depois de Darwin. Este ícone poderia ser fortemente associado a representações da natureza que os viajantes naturalistas fizeram circular, com seus registros escritos e imagéticos e com as coletas de material botânico e zoológico, acervo de vários museus da Europa. Entretanto, a Darwin é feita a distinção de criar uma nova teoria, a partir de observação meticulosa e extrema habilidade de raciocínio. E isso requer que a viagem — símbolo de imersão num mundo fabuloso e inacreditável para uma Europa do século XIX — faça potencializar as características de um homem da ciência, que Darwin tinha desde pequeno. Assim, passear por entre os painéis da exposição é encontrar, intercaladamente, informações sobre a história da vida de Darwin, também em um antes e depois.

     

     

    NAS TEIAS DA EVOLUÇÃO Considerar o tempo como uma categoria essencial para o pensamento sobre a evolução das espécies, torna-se, para a exposição, bastante oportuno para se posicionar frente à relação entre criacionismo e evolucionismo, e ao papel das teorias moleculares gênicas na síntese ou unificação do pensamento evolutivo apresentado por Darwin.

    Essa temporalidade, que é subjacente à exposição, indica rupturas, tensões que se criaram e a força da teoria da evolução como pensamento dentro da biologia. É, também, o efeito pedagógico mais poderoso que a exposição quer efetuar nos visitantes, uma vez que após Darwin nossas identidades como humanos estão, inevitavelmente, nas teias da evolução biológica.

     

    Antônio Carlos Amorim