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    Ciência e Cultura

    versão impressa ISSN 0009-6725versão On-line ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. v.59 n.4 São Paulo  2007

     

    CENTENÁRIO

    FRIDA KAHLO É LEMBRADA EM DIVERSOS PAÍSES

     

    Frida Kahlo começou a pintar para aliviar a dor. O ano era 1925 e ela queria se distrair durante a longa recuperação de um grave acidente de ônibus que sofrera aos 18 anos de idade. A mais importante pintora mexicana do século XX viveu entre 1907 e 1954, uma existência breve mas intensa. Sua notoriedade extravasou da pintura também para sua vida pessoal, marcada por um forte ideário político. Símbolo do feminismo e da liberdade, ela militou no partido comunista mexicano e viveu um tumultuado casamento de 25 anos com o também artista Diego Rivera. Foi uma trajetória de grande sofrimento físico: Frida passou por mais de 15 cirurgias, algumas experimentais, abortos, mutilações, traumatismos. Para Lúcia Helena Vianna, pesquisadora da Universidade Federal Fluminense (UFF), que estudou o diário da pintora, Frida Kahlo inscreve esse corpo fragilizado em seus escritos e desenhos, mas a dor é sublimada com humor. "Ela tece um elo indestrutível entre vida e obra, com a explícita conexão de tinta e sangue", diz.

    No ano em que completaria cem anos Frida Kahlo é homenageada em vários países do mundo com exposições, mostras de fotografia, concursos, oficinas de criação e espetáculos teatrais. No México foram organizadas as duas mais importantes exposições para comemorar o centenário da artista. O Palácio de Belas Artes, na capital do país, abrigou uma exposição gigantesca com mais de 350 obras. Segundo a diretora do Museu, Roxana Velásquez, um dos objetivos da mostra foi diminuir a distância entre Frida Kahlo e o povo mexicano. Já na Casa Azul, antiga residência da artista e que, depois de sua morte, foi transformada em museu, estão materiais inéditos: fotos, documentos e objetos pessoais de Frida e Diego Rivera. A companhia aérea Aeroméxico batizou dois de seus aviões com os nomes de Frida e Diego.

     

     

    Na verdade, o país natal da pintora demorou a reconhecer o seu trabalho. A primeira exposição de Frida Kahlo no México aconteceu em 1953, um ano antes de sua morte. Quatorze anos antes ela já tinha exposto em Nova York e Paris onde foi a primeira artista mexicana a expor no Museu de Louvre.

    Vários museus norte-americanos expõem obras da artista ao longo de 2007, incluindo, por exemplo, o National Museum of Women in the Arts, em Washington, onde estão dez cartas manuscritas da pintora, fotos inéditas e afrescos de sua vida cotidiana com Rivera e seus amigos. Cuba, Filipinas e Canadá também homenageiam Frida com mostras de pinturas e fotografias. Dois espetáculos teatrais foram montados em-São Paulo: Frida – uma mulher de pedra dá luz à noite da companhia Taanteatro e Yo soy o que a água me deu ou Frida, criada pela atriz e bailarina Maura Baiocchi.

    EXTENSA BIBLIOGRAFIA Frida é uma das pintoras mais prestigiadas do mercado internacional de arte. Mais de cem livros foram escritos sobre ela, muitos sobre seus auto-retratos que compõe um terço de toda a sua obra: "Eu pinto-me porque sou o assunto que conheço melhor", diz ela em seu diário. A personalidade singular de Frida foi levada para as telas do cinema. O mais conhecido, mas não necessariamente melhor, é Frida ( 2002) da diretora Julie Taymor. Os pontos fortes do filme, entretanto, são as narrativas visuais, a trilha sonora e a fotografia que consegue mostrar um pouco das cores e da energia presentes na obra de Frida. Para Lucia Vianna, Frida é um exemplo de artista que atingiu a consagração pelo mérito excepcional de sua obra, mas também por sua personalidade: "com marcas de exotismo, ambigüidades e excentricidade, Kahlo se destacou por sua vida incomum e pela capacidade de ser a artífice da imagem que queria perpetuar de si mesma".

     

    Patrícia Mariuzzo