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    Ciência e Cultura

    versão impressa ISSN 0009-6725versão On-line ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. v.59 n.4 São Paulo  2007

     

     

    RUBENS JARDIM

     

    A DESEJADA

    Onde está a desejada da minha alma,
    a mulher que criou janelas, portas e abismos
    e se escondeu de todos os meus caminhos?
    Antes que o tempo destrua minha calma

    Eu quero me debruçar sobre sua presença.
    Ou sobre sua lembrança. Preciso de um prisma
    Para celebrar as suas cóleras, as suas cismas.
    A desejada da minha alma é uma sentença

    Que ficou no avesso controverso do fichário,
    é o verso rabiscado em um momento raro,
    é a urgência escrita desta brasa imaginária.

    Sou o construtor desta mulher lendária
    que me habita como botequim ignaro
    e me faz louvar até as mágoas mais ordinárias.

     

    TODA MULHER É MIRAGEM

    Toda mulher é uma viagem
    ao desconhecido. Igual poesia
    avessa ao verso e à trucagem,
    mulher é iniciação do dia,

    promessa, surpresa, miragem.
    De nada adiantam mapas, guias,
    cenas ensaiadas ou pilhagens.
    Controverso ser, mulher é via

    de mão única, abismo, moagem.
    É também risco máximo, magia,
    caminho íngreme na paisagem.

    Simplificando: mulher é linguagem,
    palavra nova, imagem que anistia
    o ser, o vir-a-ser e outras bobagens.

     

     

    Rubens Jardim, 61 anos, jornalista e poeta. Publicou poemas em diversas antologias – no Brasil e no exterior. É autor de dois livros de poemas: Ultimatum(1966) e Espelho riscado(1978). Promoveu o Ano Jorge de Lima (1973) e integrou a Catequese Poética, iniciada por Lindolf Bell (1964).