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    Ciência e Cultura

    versión impresa ISSN 0009-6725versión On-line ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. v.60 n.3 São Paulo sep. 2008

     

     

     

     

    SBPC

    "Guarda-chuva" para a ciência brasileira completa 60 anos

     

    Acompanhar a trajetória de seis décadas da SBPC é acompanhar uma parte importante da história da própria institucionalização da ciência brasileira no século XX. "A SBPC foi fundamental para a ciência no Brasil porque ajudou outras sociedades e entidades científicas a se consolidarem. Durante as reuniões foram geradas entidades hoje tradicionais como a Sociedade Brasileira de Genética e a Sociedade de Botânica do Brasil, fundadas no começo da década de 1950", conta Warwick Estevam Kerr, diretor da entidade de 1969 a 1973. Hoje são mais de 91 sociedades associadas nas áreas de biológicas, exatas, tecnológicas e humanas. A importância da entidade na consolidação da ciência brasileira é destacada também por Ana Maria Fernandes, socióloga e estudiosa da história da SBPC. "Ela funciona como um guarda-chuva para sociedades científicas, dando apoio ao seu desenvolvimento", avalia a pesquisadora.

     

     

    RELAÇÃO COM AS QUESTÕES NACIONAIS Ao longo de sua história, o envolvimento da SBPC com problemas sociais também é destacado por Kerr e Ana Maria como uma característica importante da entidade. A relação entre a comunidade científica e sociedade nem sempre foi fácil e pode ser vista em vários momentos, principalmente, em períodos marcantes como o da ditadura militar. "Durante a ditadura tínhamos reuniões secretas na casa de alguns dos membros, éramos mais ou menos 20 pessoas que exerciam também atividades políticas", lembrou Kerr, que era um dos participantes assíduos dessas reuniões e membro do Partido Socialista Brasileiro. O ex-diretor acha importante ponderar que esse envolvimento, como na sociedade de maneira geral, não foi majoritário e havia um grande receio de assumir posições políticas. "Muitos achavam que a SBPC deveria se preocupar com a ciência e não com a política. Alguns chegavam a sair de nossas reuniões se o assunto começava a ir para o lado da política", lembrou Kerr.

    POSICIONAMENTO Foi também durante o regime militar que a SBPC recebeu um número significativo de associados novos da comunidade de pesquisa das áreas de ciências humanas e sociais. Segundo a análise de Ana Maria, esses cientistas buscaram a instituição como local para expor e debater seus trabalhos, que refletiam uma crítica ao governo brasileiro e ao modelo de desenvolvimento adotado no período. Um acontecimento que marca a atuação política durante o regime ditatorial ocorre em 1965, quando o então presidente Maurício Rocha e Silva, publica o editorial da revista Ciência & Cultura pedindo um compromisso do governo com a volta de cientistas exilados.

    Atitudes recentes da SBPC também mostram o envolvimento com questões que extrapolam o âmbito da ciência, como as manifestações em relação à pesquisa realizada com os organismos geneticamente modificados e com as células-tronco; ao contingenciamento dos fundos setoriais; à transposição do rio São Francisco; e ao desenvolvimento amazônico. Outro assunto que vem ganhando destaque na pauta de discussão da Sociedade é o desenvolvimento tecnológico e a inovação. "Antes a ênfase estava no apoio à ciência, em especial, a chamada ciência básica e educação. Hoje os temas relacionados ao desenvolvimento tecnológico e capacidade de inovação entraram na pauta e ganham força", pontuou Ana Maria.

    A preservação e divulgação da história da SBPC, segundo a socióloga, é fundamental para entender a própria história da ciência no país. Para Kerr, hoje com 86 anos, a entidade permite que os cientistas ampliem seu envolvimento para além do trabalho direto com suas pesquisas. "Isso é muito importante, por isso, continuo participando".

     

    Márcia Tait