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    Ciência e Cultura

    versão impressa ISSN 0009-6725versão On-line ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. v.60 n.3 São Paulo set. 2008

     

     

     

    AMÉRICA LATINA

    Universidade pública quer integração via conhecimento

     

    Brasil, Argentina e Paraguai estão unindo forças para criar um marco inovador no panorama da educação na América Latina: a Universidade Federal de Integração Latino-Americana (Unila). A futura instituição terá sede na tríplice fronteira e reunirá alunos e professores dos três países em um projeto que pretende fortalecer a integração da região através do conhecimento. "Essa iniciativa vai contribuir decisivamente para o processo de integração, ao colocar juntos professores e alunos, do México à Argentina, estabelecendo uma solidariedade compartilhada, pelo ensino, pesquisa e extensão nos campos das ciências e das humanidades, inserindo-os na sociedade do conhecimento num mundo globalizado", afirma Hélgio Trindade, cientista político brasileiro e presidente da Comissão de Implantação da universidade.

    O projeto deverá inaugurar um modelo de universidade pública multinacional com o objetivo de expandir e integrar o ensino superior da região, visando à formação de recursos humanos e ao desenvolvimento comum. O Projeto de Lei 2878/08, que prevê a criação da Unila, ainda tramita no Congresso Nacional. Enquanto isso, a Comissão de Implantação, formada por 13 especialistas em educação superior e integração regional, tem até dezembro deste ano para definir o projeto da futura universidade. "A previsão é de que o projeto seja aprovado em 2008, e estamos trabalhando para iniciar as atividades no segundo semestre de 2009", declara Trindade.

     

     

    A universidade deverá receber 10 mil alunos em um prazo de cinco anos. Metade das vagas será destinada a alunos brasileiros, e a outra metade deverá atender alunos de todos os países da América Latina. A data e a forma de seleção ainda não foram definidas, mas uma das hipóteses seria a seleção dos alunos brasileiros através do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), e a criação de um sistema semelhante adaptado aos latino-americanos. A instituição deverá contar com 500 professores, compostos de forma semelhante às nacionalidades dos estudantes.

    O ensino e a prática das línguas portuguesa e espanhola farão parte do cotidiano da instituição. "Estou convicto de que o futuro da integração regional dependerá da capacidade da instituição em promover, através da convivência fraterna entre várias gerações de estudantes latino-americanos, um ambiente plural e solidário a fim de consolidar a democracia e a cultura de paz no continente", defende Trindade.

    INTEGRAÇÃO Os cursos que deverão ser oferecidos ainda não foram definidos, mas já foi estabelecido que serão no nível de graduação, mestrado e doutorado em ciências e humanidades, sempre buscando áreas de interesse comum e que obedeçam a um novo modelo acadêmico, cujo molde ainda está em estudo. A ênfase será em temas envolvendo exploração de recursos naturais e biodiversidades transfronteiriças, estudos sociais e lingüísticos regionais, relações internacionais e demais áreas consideradas estratégicas para o desenvolvimento e a integração regional.

    A universidade será implantada em Foz do Iguaçu (PR), em uma área de cerca de 40 hectares cedido pela Itaipu Binacional. O projeto é de Oscar Niemeyer e faz parte de um plano turístico estratégico da cidade. Ainda não há data prevista para início ou entrega da obra. Enquanto a sede da instituição é construída, as aulas deverão acontecer provisoriamente no Parque Tecnológico de Itaipu (PTI). "Tudo leva a crer, que o impacto tenderá a ser grande, sobretudo porque o Brasil teve a iniciativa de tomar esta decisão estratégica num momento em que o tema da integração se torna cada vez mais crucial para o continente", aponta Trindade.

     

    Chris Bueno