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    Ciência e Cultura

    Print version ISSN 0009-6725On-line version ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. vol.60 no.4 São Paulo Oct. 2008

     

     

     

    ACERTANDO NO ALVO

    Indústria aposta em medicamentos com menos efeitos colaterais

     

    O Viagra é um dos medicamentos mais conhecidos no mundo hoje. Apesar de ter trazido grandes benefícios para a vida de homens com problemas de disfunção erétil o medicamento, produzido pela Pfizer, apresenta alguns efeitos colaterais, sendo por isso contra- indicado para pacientes com problemas cardíacos que tomam trinitrina, um vasodilatador coronário. Como o Viagra também atua como vasodilatador dos vasos sanguíneos do pênis pode ocorrer queda de pressão no paciente. Em 2006, o Instituto de Química de Recursos Naturais da Universidade Estadual de Talca, no Chile, começou a trabalhar em um projeto para desenvolver uma nova forma de síntese que evitaria os riscos associados ao uso do Viagra. O novo medicamento já está sendo testado em humanos e a previsão é que em um prazo de dois anos ele deve estar disponível para comercialização.

    O Viagra, assim como os fármacos similares, atua inibindo a fosfodiesterase 5 ou PDE-5, uma enzima que se encontra no músculo liso dos corpos cavernosos do pênis e que tem relação direta com o fluxo sanguíneo e, portanto, com a ereção. O projeto se baseou em uma técnica que a cada dia está mais presente na indústria farmacêutica, a chamada síntese seletiva ou assimétrica por meio da qual é possível obter moléculas com arranjos espaciais específicos, chamadas de moléculas quirais (cuja estrutura não é sobreponível à sua própria imagem no espelho). A correta orientaçao espacial de uma molécula de um fármaco é de extrema importância, a fim de que se possa obter uma interação mais efetiva desta com seu receptor biológico. De acordo com Leonardo Silva Santos, que coordenou o projeto em Talca, isso gera uma ação especializada sobre o organismo, sem afetar outras enzimas, o que provocaria efeitos não desejados que, no caso do Viagra, poderiam, entre outras coisas, potencializar a ação de outros medicamentos para o coração. "Nos processos celulares e metabólicos é de suma importância que os receptores e enzimas reconheçam o que chamamos de composto opticamente puro. Isso aumenta a potencialidade da droga no receptor, tornando sua ação mais específica", explica Santos.

     

     

    No projeto chileno, novas metodologias para a síntese de moléculas de interesse farmacêutico foram propostas. Dentre elas estavam os inibidores de PDE-5, que atuam como o Viagra, e que já vêm sendo estudadas por grandes empresas farmacêuticas, mas sem causar efeitos colaterais. "Nossa metodologia de síntese é uma alternativa eficiente e com custo razoável para se chegar a esse resultado", afirma o pesquisador. A metodologia está sendo patenteada nos Estados Unidos.

     

    Patrícia Mariuzzo