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    Ciência e Cultura

    versión impresa ISSN 0009-6725versión On-line ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. v.61 n.1 São Paulo  2009

     

     

    APRESENTAÇÃO

    ESPÉCIES EXÓTICAS INVASORAS: PROBLEMA NACIONAL AINDA POUCO CONHECIDO

    Carlos José Saldanha Machado
    Anderson Eduardo Silva de Oliveira

     

     

    Ao longo das últimas décadas, o processo de globalização, associado à intensificação e à velocidade do deslocamento humano e de cargas pelos quatro cantos do mundo contribuiu, sobremaneira, para a quebra de barreiras ecológicas, tendo como uma de suas consequências o aumento expressivo da introdução de espécies exóticas nas sociedades. Algumas espécies exóticas têm grande capacidade de invasão e de colonização de novos ambientes devido às características biológicas e ecológicas que ampliam sua tolerância em relação à maioria dos fatores ambientais. Podem, portanto, adaptar-se mais facilmente às condições dos ambientes invadidos e obter sucesso reprodutivo, tendendo a desequilibrar o sistema, afetando negativamente a flora e fauna locais com a redução das populações das espécies nativas, com risco, muitas vezes, de extinção, e causando prejuízos à economia e riscos à saúde humana.

    Contudo, se o tema das espécies exóticas invasoras já possui, internacionalmente, segundo Simberloff (1), um elevado grau de conhecimentos científicos e de popularização, no Brasil, como observou recentemente Magnusson (2), é muito pouco explorado ou mesmo desconhecido do meio acadêmico. Ao mesmo tempo, o próprio Ministério do Meio Ambiente reconhece que as espécies exóticas invasoras constituem um sério problema nacional, incluindo consequências ambientais, financeiras e de saúde pública. Portanto, ao organizarmos este Núcleo Temático, queremos preencher essa lacuna de conhecimentos e despertar a atenção da comunidade científica nacional, de professores e de estudantes para a importância dessa dimensão da vida em sociedade através de textos que analisam a dinâmica, os mecanismos e as consequências da introdução de espécies exóticas no território brasileiro.

    Gostaríamos de convidar os leitores da Ciência & Cultura a participarem e/ou criarem espaços de debates democráticos (presencial ou virtual) sobre o tema, porque a efetivação de ações de prevenção e controle de espécies exóticas invasoras passa pela necessária mobilização de vocês, leitores, enquanto atores da dinâmica territorial de bairros, cidades e regiões onde residem e/ou trabalham. É preciso somar esforços no movimento convergente de construção de um pacto político-científico em busca de uma melhor qualidade ambiental e de vida de parcela da população vulnerável aos riscos das espécies invasoras.

    Os textos aqui reunidos procuram sintetizar os conhecimentos produzidos por profissionais com formação educacional e vinculação institucional diversas. Todos vêm aprofundando o estudo das questões relacionadas ao tema-título deste Núcleo Temático, sem perderem de vista, contudo, o sentido crítico da leitura do processo em curso, exigência indispensável para a compreensão do binômio "local/global". Como veremos, a gestão do controle e erradicação de espécies invasoras é um processo de construção coletiva. Iniciamos com um artigo que oferece ao leitor uma visão panorâmica do cenário internacional e da experiência brasileira de prevenção, controle e combate de espécies invasoras e alguns argumentos em prol de uma política pública de abrangência nacional. Em seguida, as bioinvasões de ecossistemas terrestre e aquático brasileiros são abordadas separadamente onde cada um dos autores procura deixar clara a definição dos conceitos empregados. O mesmo tema das bioinvasões é abordado sob a ótica das ecologias vegetal e marinha. Por se tratar de uma problemática multifacetada, e longe de se tornar exclusivamente ambiental, as consequências das bioinvasões sobre a saúde humana são descritas e analisadas com a recuperação histórica do começo de ações de controle da saúde pública e dos registros de espécies exóticas invasoras que afetam a saúde humana. Finalmente, através de um texto conjunto, todos os autores buscam consolidar suas análises formulando recomendações para ações efetivas por parte do poder público.

    Obviamente que este Núcleo Temático não esgota as perguntas e as respostas sobre a problemática das espécies exóticas invasoras do território nacional. Há muito por ser feito no Brasil, sobretudo por parcelas significativas da comunidade científica, mais esperamos ter contribuído para o processo de construção do alicerce de uma Política Pública de Prevenção e Controle de Espécies Exóticas Invasoras. Resta-nos apenas desejar aos leitores uma boa leitura e esperar que tenhamos despertado, em todos, uma vontade de agir, individual e/ou coletivamente, em prol de um ambiente saudável para as presentes e futuras gerações.

     

    Carlos José Saldanha Machado é antropólogo, pesquisador em saúde pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e professor do Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

    Anderson Eduardo Silva de Oliveira é biólogo, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente da UERJ.

     

     

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

    1. Simberloff, D. "How much information on population biology is needed to manage introduced species?" Conservation Biology, v.17, n.1, p.83-92. 2003.

    2. Magnusson, W. E. "Homogeinização biótica". In: C. F. D. Rocha, H. G. Bergallo, et al (Ed.). Biologia da conservação: essências. São Carlos: RIMA, p.211-229. 2006.