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    Ciência e Cultura

    versión impresa ISSN 0009-6725versión On-line ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. v.61 n.3 São Paulo  2009

     

     

     

    BANCO DE DADOS

    Pesquisa cataloga cheiros e aromas da Amazônia

     

    Ocupando a área de nove países da América do Sul, representando um terço das reservas mundiais de florestas latifoliadas e abrigando o mais rico e heterogêneo ecossistema existente no mundo, a Amazônia protagoniza uma série de discussões sobre a melhor forma de uso de sua complexa biodiversidade. José Guilherme Maia e Eloísa Helena Andrade, químicos da Universidade Federal do Pará, desenvolveram um banco de dados com 1250 espécimes aromáticas da Amazônia, pertencentes a 500 espécies. O trabalho, publicado na Química Nova (Vol.32, n.3, 2009), reuniu informações de pesquisas realizadas com plantas aromáticas durante 30 anos. "Os recursos naturais aromáticos da Amazônia são considerados uma fonte renovável apropriada para a produção de óleos essenciais e aromas, assim como uma fonte econômica alternativa de desenvolvimento sustentável com reais possibilidades de gerar riquezas para a região", defendem os autores.

    O bando de dados fornece informações de quatro tipos: a) informações gerais (nome científico, família, distribuição geográfica, habitat, nomes populares e fotografia da planta); b) características e aspectos (dados botânicos, agronômicos, ambientais e econômicos da planta); c) usos populares e referências (aplicações populares baseadas em pesquisa etnobotânica e dados da literatura científica); d) amostras e produtos (com informações sobre amostra das plantas, locais das coleções, existência de óleo ou aroma, composição química e cromatogramas).

    A motivação para esse estudo, iniciada em 1980 no Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa), em Manaus, foi, segundo Maia e Andrade, a ausência de conhecimento científico e tecnológico sobre plantas com potenciais econômicos na extensa área da região amazônica. Nas últimas oito décadas, apenas os óleos essenciais de pau-rosa (Aniba rosaeodora Ducke e Aniba duckei Kosterm.), copaíba (Copaifera spp) e cumaru (Dipteryx odorata Willd.) eram explorados comercialmente na região. Hoje, algumas poucas empresas regionais já usam extratos ou produzem perfumes e colônias de outras espécies, e duas empresas nacionais e uma internacional comercializam produtos baseados na exploração comercial de plantas da região. Mas o cultivo de espécies aromáticas ainda não é bem sucedido, informam os especialistas da UFPA, provavelmente em função do grande volume de chuvas na região. O processo de exploração dessas plantas ainda é, em sua maioria, extrativista e em pequena escala. Para uma região com uma flora rica e com tantas oportunidades econômicas, os autores afirmam ser importante que o cultivo sistemático de plantas aromáticas possa ser realizado regularmente. "Grandes empresas internacionais na área de perfumaria e cosméticos, como a Firmenich, Givaudan, IFF e Dragoco, mostram grande interesse em comprar óleos essenciais produzidos localmente, mas sem a intenção de investir na produção desses óleos", enfatizam.

    Para os autores um dos motivos que levam à necessidade de catalogação das espécies aromáticas da região amazônica é a alta taxa de extinção das espécies em regiões de pressão ambiental. Dessa forma, além de fornecer dados científicos, o banco de dados poderá servir de suporte para medidas governamentais voltadas para a proteção de áreas de maior ocorrência dessas plantas, gerando perspectivas reais de geração de riqueza e de desenvolvimento sustentável para a região.

     

    Ana Paula Morales