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    Ciência e Cultura

    versão impressa ISSN 0009-6725versão On-line ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. v.62 n.1 São Paulo  2010

     

     

    MARIANA BOTELHO

     

    MATINAL

    mapear os trigais da
    pele

    saber o cheiro de
    terra o intenso
    sabor de
    chuva

    colher com discreta
    violência o primeiro
    silêncio do
    dia

    de novo
    dia

    alma de hortelã
    e névoa

    o silêncio perdoa
    meu corpo
    magro
    perdoa
    o homem
    que se foi

    é setembro

    basta uma oração
    e é manhã de novo

    eu não sei medir o
    tempo

    meu pai me deu esse olho de pássaro

    pra mim o
    tempo
    voa

    1.
    chove
    na pele da pedra

    a lágrima
    prata do dia

    2.
    chove

    para esconder
    os pássaros

    e recolher
    as crianças

    VÃO

    eu queria guardar
    teu sorriso
    o som de tua voz
    teu cheiro

    mas só cabe ausência
    nesses potes
    cheios
    de solidão

     

    Mariana Botelho, que já teve textos em prosa na Ciência e Cultura (Ano 61, n. 2, abr/mai/jun. de 2009), é natural de Padre Paraíso, no Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais. Edita o blog Suave Coisa: (http://quelevequenada.blogspot.com). Os poemas acima pertencem ao livro O silêncio tange o sino, a ser publicado pela Ateliê Editorial.