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    Ciência e Cultura

    versão impressa ISSN 0009-6725versão On-line ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. v.62 n.2 São Paulo  2010

     

     

    AVENTURA INTELECTUAL

    Olimpíadas científicas estimulam estudantes e valorizam a atuação de professores na pesquisa

     

    Foram 15 medalhas de ouro, 25 de prata e 35 de bronze, mas elas não foram entregues para esportistas convencionais. Os premiados suaram a camisa para chegar à fase final da 1a Olimpíada Nacional em História do Brasil, iniciativa inédita do Museu Exploratório de Ciências da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) que teve mais de 16 mil inscritos, de 24 estados. O público alvo são os estudantes do ensino fundamental do oitavo e nono anos e os alunos do ensino médio (antigo segundo grau). É a segunda competição brasileira na área de ciências humanas, que se soma a outras iniciativas com o objetivo de estimular professores e alunos no estudo de disciplinas como a matemática ou a física e descobrindo jovens talentos.

    Tradicionalmente, as olimpíadas científicas têm contemplado as ciências exatas e naturais. No Brasil, já são conhecidas a Olimpíada Brasileira de Matemática, a de Química, a de Biologia, a de Robótica, entre outras. A 1a Olimpíada Nacional em História do Brasil traz para o âmbito das ciências humanas esse tipo de atividade que estimula o conhecimento e o estudo, propondo aos participantes um desafio construtivo. Antes dela o Ministério da Educação, em parceria com a Fundação Itaú Social, organizou a Olimpíada de Língua Portuguesa, em 2008, com nova edição programada para este ano. Na opinião de Cristina Meneguello, professora de história no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp e coordenadora da Olimpíada de História, as ciências humanas têm que conquistar e ampliar seu espaço no campo da divulgação científica. "É preciso criar uma nova tradição de competições como essa na área de ciências humanas, pois certamente existe interesse e motivação", afirma.

    As olimpíadas são uma oportunidade de mapear o ensino das disciplinas no país, podendo, inclusive, gerar material que pode ser utilizado em pesquisas acadêmicas, tanto nas áreas específicas, em educação ou mesmo por entidades governamentais. A primeira edição do evento de história, por exemplo, permitiu a geração de um banco de dados com grande valor científico. "Nessa primeira edição, não apenas traçamos um perfil socioeconômico dos participantes, como acompanhamos o desempenho das equipes durante as cinco fases e as 60 questões e tarefas. Temos também arquivadas as provas escritas da última fase e, com todo esse material, podemos mapear os pontos fortes e fracos dos conhecimentos em história do Brasil, inclusive por região do país", explica a coordenadora do evento. No final de 2009, o Museu Exploratório de Ciências da Unicamp lançou um edital disponibilizando esse material para pesquisadores interessados e já está organizando a segunda edição da Olimpíada de História. A projeção é de que o evento seja anual.

    Já a proposta da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro objetiva aprimorar a escrita e a produção de textos dos alunos. Por isso, além do concurso bienal, ocorre formação continuada de professores por meio de uma parceria do Ministério da Educação com a Fundação Itaú Social. Este ano, a coleção de materiais didáticos da olimpíada foi enviada para todas as escolas públicas do Brasil. Ela é composta por cadernos de orientação do professor, coletânea de textos e CD Rom multimídia para quatro gêneros textuais diferentes: poema, memórias, artigo de opinião e crônica.

     

     

    TRADIÇÃO EXATA Disputadas desde 1894 na Europa, as olimpíadas científicas evoluíram para grandes competições de nível internacional (a I Olimpíada Internacional de Matemática aconteceu em 1959, na Romênia). No Brasil, a Sociedade Brasileira de Matemática é responsável pela organização da Olimpíada Brasileira de Matemática, com o objetivo de estimular o estudo dessa disciplina, para a qual muita gente torce o nariz, além de capacitar professores, influenciar a melhoria do ensino e descobrir novos talentos. A próxima edição terá início em 12 de junho.

    Do mesmo modo, a Sociedade Brasileira de Física organiza, desde 1999, uma competição nacional para estudantes do ensino médio e alunos do último ano do fundamental e que, neste ano, iniciará o primeiro ciclo de competições em 14 de agosto.Inovando no formato multidisciplinar, a Fundação Oswaldo Cruz, em parceria com a Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco), organiza a Olimpíada de Saúde e Meio Ambiente, na 5a edição, e pretende "contribuir para a formação de cidadãos conscientes, capazes de refletir sobre as condições ambientais e de saúde no Brasil, além de aproximar essas questões do cotidiano escolar". O evento dispensa provas ou testes, ao invés disso os alunos têm que montar projetos com temas como reciclagem, doenças endêmicas, energia e destruição das florestas tropicais. A fase competitiva iniciará em 20 de setembro.

    Muitas dessas iniciativas são seletivas para eventos semelhantes internacionais e têm dado ao país a oportunidade de brilhar com seus estudantes, muitos de escolas públicas, ao lado de representantes de países desenvolvidos. Bons resultados podem estimular alunos e professores a contribuírem para melhorar o desempenho escolar do país. A média nacional do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) dos estudantes do ensino médio, público que participa de olimpíadas científicas, foi 3,5 (dados de 2007 do Ministério da Educação). O resultado é considerado insatisfatório, considerando a escala de 0 a 10 do indicador. O Brasil também tem baixos índices na educação básica, segundo o relatório "Monitoramento de Educação para Todos 2010", divulgado em janeiro pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação). Enquanto na América Latina e Caribe, a taxa de repetência média para todas as séries do ensino fundamental é de 4,4%, no Brasil, o índice é de 18,7%.

     

    Patrícia Mariuzzo