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    Ciência e Cultura

    Print version ISSN 0009-6725

    Cienc. Cult. vol.64 no.3 São Paulo  2012

    http://dx.doi.org/10.21800/S0009-67252012000300024 

    CARLOS MOREIRA

     

    o ser do sol
    esconde a treva
    do seu centro

    lá dentro
    passeiam tristes
    átomos de ouro

    *

    que fique muito
    mal explicado

    não faço força
    para ser entendido

    quem faz sentido
    é soldado

    *

    à sombra de um sol graciliano
    a pele da palavra não difere
    daquela que a cobra se descobre
    nascendo feito flor em meio agreste

    limpa de si mesma sua pele
    deixando que o sol a atravesse
    não lesma que derrame a luz a esmo
    marcando o caminho para o verme

    mas luz-casulo: espelho que se mira
    na retina de quem se arrisca a lê-lo
    e devolve o ser só pressentido
    entre as dobras do labirinto-espelho

    à sombra da palavra tudo é nítido
    o sol a flor a cobra o nada o mito

    *

    este não é um muro de palavras
    em que se tranque o sentido escuro
    em que se estanque o fluxo dessa larva
    em que se perca o fio dentro do fuso

    isto não é a caixa de pandora
    abarrotada de vazio e mito
    capitu lilith égua de tróia
    não deixam sombra neste manuscrito

    o teu passeio dentro deste espelho
    é solitário: já nem eu te sigo
    porque parti este caminho ao meio
    e sigo morto mesmo estando vivo

    e se me perco em teu olhar narciso
    sei o que sou: o oposto do que miro

     

    Carlos Moreira (1974) publicou Ave, avesso e Evangelho segundo ninguém pela Edufro e sua Tetralogia do nada pelo Clube dos Autores. Se tudo der errado, até o fim do ano publicará o seu Cardume.