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    Ciência e Cultura

    versión impresa ISSN 0009-6725

    Cienc. Cult. vol.64 no.4 São Paulo oct./dic. 2012

    http://dx.doi.org/10.21800/S0009-67252012000400007 

     

    MANUEL CALVO HERNANDO (1924-2012)

    Divulgador de ciência, democracia e cultura

     

     

    Em uma sociedade democrática, os cidadãos precisam de uma compreensão básica de informação científica, para que possam tomar suas próprias decisões. Este é o principal legado das ideias do jornalista espanhol Manuel Calvo Hernando, pioneiro em jornalismo científico e morto aos 88 anos, no dia 16 de agosto, em Madri. Advogado por formação e jornalista por vocação e opção, sua trajetória representa um importante estímulo para diferentes gerações de jornalistas e cientistas do mundo inteiro.

    Calvo Hernando trabalhou na imprensa escrita, na TV e teve algumas incursões pelo rádio. Após descobrir a divulgação científica durante cobertura da 1ª Conferência Mundial de Usos Pacíficos da Energia Nuclear, em Genebra, em 1955, passou a dedicar-se à comunicação pública da ciência. Foi um estudioso da história da divulgação científica e de seus problemas na Europa, nos EUA e na Ibero-América.

    Sua paixão pelo conhecimento fez com que escrevesse mais de 30 livros e centenas de artigos de divulgação científica, com ensinamentos fundamentais na área. Acreditava que o divulgador da ciência deve mover-se entre o desejo de compreensão, a curiosidade universal, a capacidade de expressão, sede de conhecimento, o estado da dúvida, o ceticismo e o alerta permanente, sem esquecer o necessário rigor da informação.

    Seus colegas em jornais espanhóis como o Ya, e na Televisão Espanhola, da qual foi diretor, o descrevem como uma pessoa que exerceu jornalismo em período integral, com paixão humana e profissional, de palavras amáveis e sempre atento às questões colocadas pelas novas gerações. Em 1971 fundou a Associação Espanhola de Jornalismo Científico e ajudou a criar outras da área em diferentes países da América Central e do Sul.

    NO BRASIL Conheci Calvo Hernando em São Paulo, em 1982, durante o 4º Congresso Ibero-Americano de Jornalismo Científico e 1º Congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Científico (ABJC), que ajudou a criar, em 1977. Na época, trabalhando no Jornal do Brasil, acompanhei de perto suas ideias e paixão quase juvenil pela área. A todas perguntas entusiasmadas de jovens e de experientes jornalistas respondia com paciência e vivacidade.

    A última passagem de Calvo Hernando pelo Brasil foi em 2002, durante o 1º Congresso Internacional de Divulgação Científica, realizado na USP pelo Núcleo José Reis e pela Associação Brasileira de Divulgação Científica (Abradic), quando falou sobre a ética na divulgação científica. Em 2005, em entrevista na revista Ciência e Cultura, o jornalista mostrou, mais uma vez, seu desejo de que a divulgação científica fosse mais ampla e que as pessoas tivessem consciência do que têm a ganhar com tal tipo de informação. Reafirmou a necessidade da cultura científica e vaticinou: "se queremos uma sociedade democrática, é preciso que todos entendam a ciência. Caso contrário, não alcançaremos a democracia cultural".

     

    Graça Caldas
    é professora e pesquisadora em divulgação científica no Labjor/Unicamp