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Ciência e Cultura
versão impressa ISSN 0009-6725
Cienc. Cult. vol.64 no.4 São Paulo out./dez. 2012
http://dx.doi.org/10.21800/S0009-67252012000400008
MICROELETRÔNICA
Órgãos humanos em chips substituirão testes pré-clínicos?
Tecnologias que permitem a construção de peças cada vez menores e de alta performance têm sido desenvolvidas para uso médico, como é o caso, por exemplo, dos micro e nano robôs, chips implantados em cérebros, além de variados testes diagnósticos.
O Departamento de Defesa do governo norte-americano lançou, em 2011, uma chamada para financiar projetos de pesquisa para desenvolvimento de plataforma de tecidos humanos. Ao interligar, in vitro, dez sistemas humanos circulatório, endócrino, gastrointestinal, imune, tegumentar, músculo-esquelético, nervoso, reprodutivo, respiratório e urinário , a plataforma deverá ser capaz de "predizer a segurança, eficácia e farmacocinética dos medicamentos e vacinas antes de sua administração em humanos", exigia o edital.
Os dois projetos vencedores, anunciados em julho passado, somam investimentos de cerca de US$ 70 milhões. Na Universidade Harvard, o projeto de cinco anos será liderado por Donald Ingber e Kevin Kit Parker, do Wyss Institute for Biologically Inspired Engineering. Já no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), Linda Griffith conduzirá o programa Bio-Mimetics, em parceria com o Laboratório Draper e com as empresas MatTek e Zyoxel.
Versões em miniaturas e simplificadas de órgãos humanos em chips vêm sendo desenvolvidas nos últimos anos, como é o caso de pulmão, rim e coração. Ao contrário de cultivar células em placas, a tecnologia de construção dos chips envolve engenharia tridimensional e leva em consideração o microambiente de cada órgão. Aliando micromanufatura a conhecimentos sobre microfluidos e engenharia de tecidos, e usando um substrato flexível onde as células humanas crescem, é possível adicionar dinâmica aos pequenos órgãos, como movimentos peristálticos e batidas cardíacas.
O desafio de conectar os dez sistemas humanos em uma única plataforma pretende desenvolver tecnologias que permitam reações rápidas contra doenças existentes ou emergentes, pandemias e bioterrorismo. Donald Ingber, em material de divulgação do Institute Wyss, afirmou que essa tecnologia, simples e barata, pode vir a ser uma alternativa ao uso de modelos animais para testes de drogas, especialmente testes pré-clínicos. Ainda não é possível prever se a plataforma irá de fato mimetizar as respostas fisiológicas do corpo humano, mas se depender da aposta do governo norte-americano, a tecnologia promete revolucionar a busca por novas drogas.
Cristina Caldas