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    Ciência e Cultura

    Print version ISSN 0009-6725

    Cienc. Cult. vol.64 no.4 São Paulo Oct./Dec. 2012

    http://dx.doi.org/10.21800/S0009-67252012000400010 

     

    APRESENTAÇÃO

    O mundo árabe em perspectiva

    Vânia Carvalho Pinto

     

     

    A ideia para a realização de um dossiê temático acerca da região árabe nasce da constatação de que assuntos atinentes a esta parte do mundo têm continuado a despertar grande interesse não só entre comentaristas políticos e acadêmicos, como também entre o público em geral. Questões tão diversas como a investigação acerca das causas do terrorismo, a situação de mulheres e minorias em países muçulmanos e, mais recentemente, a trajetória de transição política trazida pela Primavera Árabe, têm ocupado posição de destaque no nosso horizonte midiático e acadêmico.

    Visando contribuir para a continuidade dessa reflexão, os artigos deste dossiê têm por objetivo ampliar não só a gama de assuntos que habitualmente se discutem sob a égide de "mundo árabe", como também discutir questões atuais da cena internacional contemporânea. Nessa perspectiva, os artigos que se seguem podem ser entendidos como estando subordinados a dois grandes eixos: as análises sobre a política doméstica e as reflexões acerca das implicações da Primavera Árabe.

    O breve texto de Daniel Pinéu, com o qual abrimos esta edição, levanta uma indagação acerca da centralidade que os atentados do 11 de setembro ainda exercem no nosso imaginário coletivo e que em muitos casos veio a definir a construção do que seria "árabe". Imediatamente a seguir, encontram-se dois artigos que versam sobre a região africana do mundo árabe, por Pascoal Pereira e Daniela Nascimento. Tais artigos ilustram as muitas dificuldades associadas aos processos de autodeterminação nacional no Saara Ocidental e no Sudão, respectivamente.

    O eixo seguinte engloba um conjunto de contribuições que lidam com diversas facetas da Primavera Árabe, tanto no seu contexto doméstico como na sua dimensão regional. Começamos com um artigo que investiga o porquê da não existência de Primavera Árabe nas monarquias da Península Arábica, por Vânia Carvalho Pinto, seguido pela contribuição de Luisa Gandolfo acerca dos muitos desafios à estabilidade política que se colocam à Tunísia depois da sua revolução. Em seguida, favorecemos um olhar mais inter-regional indagando acerca do papel da Turquia e da Rússia nesta "nova ordem" árabe. André Barrinha investiga as causas da recente projeção turca na região, enquanto que Maria Raquel Freire avalia a importância que o Oriente Médio desempenha na política externa russa. Depois do périplo pelo mundo árabe e pelo Cáucaso, encerramos este dossiê, com o artigo de Guilherme Casarões, acerca do papel do Brasil na região e dos desafios que este enfrenta em se projetar como ator regional de relevância no Oriente Médio.

    Obviamente que este dossiê não esgota o conjunto de assuntos que podemos tratar sob esta rubrica, vários outros seriam possíveis. Esperamos, contudo, que o leque que aqui é oferecido e que buscou tratar das questões mais recentes, ofereça perspectivas ricas e diversificadas sobre essa região do mundo e que contribua com algumas linhas de reflexão acerca desses temas.

     

    Vânia Carvalho Pinto é professora do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB). Pesquisadora visitante no Centro de Pesquisas do Golfo no Dubai e no Conselho Supremo para Assuntos da Família em Sharjah, de 2007-2008. Autora do livro Nation-building, state, and the genderframing of women's rights, publicado este ano pela Editora Internacional Ithaca Press.

     

    NOTA EDITORIAL os termos de origem árabe deste Núcleo Temático foram grafados segundo os padrões editoriais da revista, de acordo com o português do Brasil.