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    Ciência e Cultura

    versão impressa ISSN 0009-6725

    Cienc. Cult. vol.64 no.4 São Paulo out./dez. 2012

    http://dx.doi.org/10.21800/S0009-67252012000400024 

    MUSEUS

    Profissionalização e expansão da museologia no Brasil

     

    Há tempos o museu deixou de ser visto, simplesmente, como um espaço físico que guarda peças antigas, desconectadas do cotidiano da população e da atualidade. Hoje, é um espaço que conserva e preserva coleções de caráter cultural a técnico-científico, dialoga com seu público e difunde conhecimento, e contribui para o desenvolvimento de outros setores, como o turismo e a geração de empregos. Em levantamento feito pelo Cadastro Nacional de Museus, existem no Brasil hoje 3.025 museus, dado publicado em Museus em números, de 2010, do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram)/Ministério da Cultura (MinC). "É um campo em expansão, com franco desenvolvimento e singular organização", afirma Maria Cristina Oliveira Bruno, museóloga e coordenadora do programa de pós-graduação Interunidades em Museologia da Universidade de São Paulo (USP).

    No plano federal, a última década apresentou mudanças significativas: em 2003 foi instituída a Política Nacional de Museus e, em 2009, foram criados o Estatuto dos Museus e o Ibram. Segundo Valdemar de Assis Lima, museólogo do Ibram, "o Estatuto presta um serviço extremamente profícuo aos museus e seus profissionais, especialmente, por defender a elaboração e aplicação dos Planos Museológicos, ferramenta de gestão fundamental para a proteção das instituições e processos museais, além de contribuir para o seu fortalecimento e o cumprimento de sua função social". Por sua vez, o Ibram, uma autarquia vinculada ao Ministério da Cultura, que coordena a Política Nacional de Museus, corresponde a um antigo anseio da comunidade museológica, afirma Maria Eugênia Saturni, diretora secretária do Conselho Federal de Museologia (Cofem).

    A regulamentação da museologia, por meio de leis e instituições próprias, também contribuiu para seu desenvolvimento. "A museologia é, portanto, uma profissão regulamentada e o exercício de algumas atividades museológicas são privativas dos profissionais formados na área e registrados nos Conselhos Regionais de Museologia, que são disciplinados pelo Conselho Federal de Museologia (Cofem) que estabeleceu o Código de Ética Profissional do Museólogo. Os Conselhos Regionais de Museologia são responsáveis pela fiscalização e registro das atividades de regulamentação da profissão em seus referidos territórios", explica Maria Eugênia. A interdisciplinaridade é uma marca desse campo de conhecimento. "Cada vez mais há uma necessidade de diálogo entre as ciências e os saberes populares", complementa Lima.

     

     

    PROFISSIONALIZAÇÃO O primeiro curso de museologia no Brasil surgiu em 1932 no Museu Histórico Nacional (MHN). "O intuito era promover o aperfeiçoamento da mão de obra dos funcionários do museu. Na época, quem concluía o curso era chamado de 'conservador de museus', termo traduzido do francês", explica a diretora do MHN, Vera Tostes. Atualmente, entre os profissionais do MHN, estão museólogos, historiadores e profissionais das área de pedagogia, restauração e conservação, biblioteca e arquivo.

    O país tem 14 cursos de graduação, um programa de mestrado e doutorado na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e um mestrado recém-criado na USP. Segundo os dados das Sinopses Estatísticas da Educação Superior fornecidos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em 2010, foram oferecidas um total de 631 vagas em graduações presenciais em museologia, com 489 inscritos. Nesse mesmo ano, 91 concluíram a graduação. Nota-se um crescimento na profissionalização, sobretudo em comparação a anos anteriores. Em 2001, por exemplo, foram oferecidas 30 vagas e 12 concluintes no ano de 2000. Até 2006, a USP mantinha uma especialização em museologia e, agora, lança o segundo curso de mestrado do país nessa área, que envolve quatro museus da universidade em suas atividades: o Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE), o Museu Paulista (MP), o Museu de Arte Contemporânea (MAC) e o Museu de Zoologia (MZ).

     

     

     

     

    A maioria dos museus criados nas últimas décadas se concentra no Sul e Sudeste do país, onde está também a maioria dos cursos de museologia. De acordo com o levantamento Museus em números (2010), nessas duas re­giões estão cerca de 67% dos museus brasileiros; no Nordeste, 21%; e no Norte e Centro-Oeste, 12%. Dentre os agentes que mais se preocuparam em organizar acervos e expor seus objetos e história, estão os municípios, os bancos, favelas, escolas e empresas. Para democratizar a preservação da memória de vários grupos sociais, o Ibram, em consonância com a Política Nacional de Museus, tem investido na museologia social. "As experiências de construção de Pontos de Memória tem mostrado a capacidade desse programa em fortalecer as tradições locais e os laços de pertencimento, além de impulsionar o turismo e a economia local, de forma sustentável", aponta Lima.

     

    Marcela Marrafon de Oliveira

     

    MUSEUS NO CALENDÁRIO

    18 DE MAIO Dia internacional de museus, criado pelo Comitê Internacional de Museus em 1977 para chamar a atenção para a importância dos museus no desenvolvimento da sociedade.

    SEMANA NACIONAL DE MUSEUS Evento anual para comemorar a data acima. Museus e entidades culturais participam de debates e atividades públicas.