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    Ciência e Cultura

    versão impressa ISSN 0009-6725

    Cienc. Cult. vol.64 no.4 São Paulo out./dez. 2012

    http://dx.doi.org/10.21800/S0009-67252012000400026 

     

    BRUNO DARCOLETO MALAVOLTA

     

    SONETO ARQUISSIMÉTRICO

    Antiespetacular, anticircense,
    o céu, insidioso, arquissimétrico,
    incendeia-se, frio e fotoelétrico.
    Eletro-móbile rupestre e pense,
    ilude, sob luz, o enredo tétrico
    de uma selva sem fim, de algo nonsense.
    Um abismo ao avesso, o céu espesso
    alça voo no vácuo inamovível
    no istmo tempo-espaço incoercível.
    Gotas de orvalho no universo vário:
    nada sendo começo, nada centro:
    qual baralho: haverá um coringa dentro?

     

    Tomo um fósforo e acendo o meu cigarro
    para expandir meu brilho solitário.

    SONATA ASSIMÉTRICA

    Matéria escura: solitude pura:
    minha cabeça cheia de poesia
    transfigura-me, torna fantasia
    travestido de carne e ossatura.
    Eu nasci para ler a melodia
    das trevas – esta clara partitura
    brilhantemente escrita em assimetria:
    Ah, quanto descrever é coisa dura
    esta selva selvagem, áspera e forte,
    em que o silêncio convoca à paura.
    Tanto esplendor só há maior na arte.
    Mas do que ali cantar por bem achei

     

    algo direi: que parecia um texto
    simétrico, simétrico: sem metro.

     

    Bruno Darcoleto Malavolta nasceu em Araraquara (SP) em 1988, onde formou-se em letras pela Unesp, com o estudo "Os sonetos pensativos de Dante Milano". É autor do livro inédito Colisões, a que pertencem os poemas aqui apresentados.