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    Ciência e Cultura

    On-line version ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. vol.65 no.2 São Paulo Apr./June 2013

    http://dx.doi.org/10.21800/S0009-67252013000200005 

     

    DIVULGAÇÃO DE CIÊNCIA

    Centros e museus crescem mas investimento ainda é insuficiente

     

    Como personagens importantes no papel de complementação do ensino escolar, centros e museus de ciência (CMCs) têm se expandido no país, com o surgimento de editais e estímulos para sua estruturação, assim como ocorre nos EUA e na Europa. O volume e o ritmo do desembolso desses recursos, porém, ainda é considerado incipiente para cobrir a necessidade de um território grande e carente de educação formal e não formal como o Brasil. Educação, lazer e cultura fazem parte da essência de um CMC, "que não são apenas lugares onde se aprendem conceitos científicos, e se pode interagir com os objetos expostos", esclarece Michel Sitnik, da Estação Ciência, CMC administrado pela Universidade de São Paulo (USP).

    O que se percebe, continua Sitnik, é uma grande busca por agendamentos para visitação em espaços de exposição de ciência: Centre 2004 e 2008, tivemos um aumento de quase 100% de procura, pois nossa área expositiva foi ampliada, bem como os horários de funcionamento que passaram a incluir finais de semana em horário integral". Em sua opinião, para cobrir a procura é fundamental que os CMCs não se restrinjam a locais físicos, presos a estruturas de prédios – hoje, há uma tendência à itinerância e organização de exposições em feiras de profissões e praças de shoppings. Nessas ocasiões atingem-se jovens cuja família não tem o hábito de visitar centros de ciência e que, dessa forma, passam a ter uma ideia, que estimula a visita a CMCs posteriormente. A Estação Ciência, por exemplo, montou versões itinerantes nos últimos meses em locais como Chapecó-SC, Vinhedo-SP, e até mesmo em uma penitenciária, em Parelheiros (distrito rural de São Paulo) para a conscientização ambiental dos detentos e seus familiares. "Atualmente, também estamos projetando uma estrutura temporária em Cubatão e um circuito temporário em Barueri, ambos no estado de São Paulo", conta Sitnik.

    Ainda não se tem números exatos de quantos CMCs existem no país, mas a Associação Brasileira de Centros e Museus de Ciência (ABMC) prepara para breve o lançamento de um guia atualizado. Dados iniciais mostram que, de 2005 a 2009, houve expansão de 80 para 190 novos CMCs no Brasil, um aumento de quase 73%. Algo considerável, e que poderia refletir a noção governamental da importância desses espaços frente à sociedade. Porém, os investimentos ainda são insuficientes, considera Antonio Carlos Pavão, docente da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e diretor do museu Espaço Ciência de Pernambuco (o maior museu a céu aberto do país): "os raros editais chegam à casa dos R$10 milhões, quando precisaríamos de pelo menos dez vezes isso, o que evidencia falta de consciência dos governos do papel dos CMCs para a educação científica e popularização da ciência".

     

     

    EXPANSÃO REGIONALIZADA Em contrapartida "houve aumento da criação de grandes CMCs municipais, como o Catavento (cidade de São Paulo), o Sabina (Santo André-SP) e a Estação Ciência (João Pessoa-PB), que juntos somam investimentos de centenas de milhões de reais". Além disso, "em Pernambuco está sendo montada uma rede estadual, com 5 CMCs já em funcionamento, como em São José do Egito (Centro Vocacional Tecnológico), e Itaíba (Espaço de Exposição de Animais), e 7 previstos para iniciarem suas atividades". Isso provém de um esforço conjunto entre o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o governo do estado de Pernambuco e as prefeituras das cidades onde se alocam os CMCs. "Com o sucesso desses projetos, existe a perspectiva de ampliação da rede", ambiciona Pavão.

    O grande desafio a ser encarado antes de se conseguir verba para a montagem dos CMCs é planejar a preparação de sua estrutura, com espaços expositivos atraentes, inovadores e dinâmicos, monitores que cubram diferentes horários de visitação, além da divulgação desses recintos. E, principalmente, "garantir seu funcionamento, perpetuando sua manutenção", conclui Pavão.

     

    Daniel Blasioli Dentillo