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    Ciência e Cultura

    versão impressa ISSN 0009-6725

    Cienc. Cult. vol.65 no.3 São Paulo jul. 2013

    http://dx.doi.org/10.21800/S0009-67252013000300007 

     

    POLÍTICA CT&I

    Projeto argentino aposta na expansão científica e tecnológica no país

     

    O Plano Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação "Argentina Inovadora 2020", lançado em março deste ano, é uma estratégia implementada pelo governo argentino junto ao seu Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, que visa aumentar o investimento em pesquisa e desenvolvimento, de 0,65% para 1,65% do PIB até 2020, que hoje soma cerca de US$500 bilhões. De acordo com o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, José Lino Barañao, o objetivo é "criar as condições para que a ciência, a tecnologia e a inovação impulsionem um salto qualitativo no desenvolvimento social, econômico e na inclusão social".

    Após a deterioração econômica e social sofrida pela Argentina a partir do final dos anos 1990, as altas taxas de desemprego e pobreza evoluíram para 50% no início dos anos 2000. Hoje, o país se esforça para mudar esse quadro e investe em uma retomada de crescimento econômico que leve em conta não apenas ciência e tecnologia como fontes de riqueza, tanto em termos econômicos, quanto de conhecimento, como expressou a presidente do país, Cristina Fernández de Kirchner, no documento "Argentina Inovadora 2020 Plano Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação": "o conhecimento é a grande fonte de riqueza do século XXI".

     

     

    Apesar do otimismo governamental, Gabriel Bilmes, coordenador da cátedra "Ciência, Política e Sociedade" na Universidade Nacional da Prata afirma que "o reconhecimento do valor da ciência e da tecnologia como uma ferramenta para o crescimento econômico nesses anos tem sido uma política de Estado, mas a atividade científica-tecnológica na Argentina ainda tem muito pouco impacto social. Esta é uma questão não resolvida e esse plano tem sérias limitações nesse sentido".

    O primeiro obstáculo apontado no plano argentino é unir os interesses de empresários e cientistas. De acordo com o ministro Barañao, durante uma cerimônia realizada no Palácio do Governo para os ministros do Gabinete Nacional, autoridades, cientistas e um público numeroso, "durante décadas houve animosidade entre acadêmicos e empresários. Colocá-los juntos é complicado porque um setor busca rentabilidade e outro reconhecimento por pares".

    Em entrevista ao diario.com, jornal on-line em circulação na província argentina Entre Rios, a subsecretária de Ciência e Tecnologia do município, Luisina Pocay, responsável pelo desenvolvimento de tecnologia médica, uma das áreas prioritárias do plano, ressalta que um dos desafios é "impulsionar a inovação produtiva, sustentável e inclusiva sobre a expansão e uso de todas as competências tecnológicas do país".

    Por outro lado, Gabriel Bilmes faz muitas críticas, sobretudo ao fato do impacto social de C&T estar atrelado à ação de empresas. Segundo ele, esse é um aspecto altamente discutível e de eficácia não comprovada, "pelo menos nos últimos 10 anos de crescimento econômico do país". "Além disso, o plano parece não contemplar o sistema científico com a articulação direta e com as necessidades sociais específicas; parece não levar em conta questões como o conflito de certas tecnologias em relação à preservação dos recursos naturais; e, finalmente, parece ser muito pouco sério sobre o valor do investimento privado e sua projeção no futuro".

    No cenário latino-americano, há expectativa de mais investimentos em C&T, como no México – que pretende aumentar dos atuais 0,4% para 1% do PIB até 2018 – e no Brasil – onde o incremento deverá ser de 1,16% para 1,8% do PIB até 2014. Há, no entanto, casos como o do Peru, que aplica meros 0,15% do PIB, ou do Panamá, que aplica 0,2% – no final dos anos 2000 – com planos de chegar a 0,6% do PIB até 2014.

    Apesar de otimista sobre o futuro da Argentina, que tem comemorado sucessivos crescimentos econômicos desde 2003, Bilmes pondera: "houve uma maior distribuição de renda favorecendo os mais pobres, mas a estrutura econômica ficou essencialmente inalterada no país". A expectativa é que o plano possa fazer a diferença.

     

    Marcela Salazar Granada