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    Ciência e Cultura

    On-line version ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. vol.66 no.3 São Paulo Sept. 2014

    http://dx.doi.org/10.21800/S0009-67252014000300006 

    BRASIL
    AQUICULTURA

     

    Brasil investe em pesquisas para aumentar a produtividade do pirarucu em cativeiro

     

     

    Juliana Lima

     

     


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    Diz a lenda que pirarucu era um índio bravo e guerreiro que foi castigado pelo Deus Tupã e transformado em um peixe gigante. A fama desse grande carnívoro que vive em águas calmas dos rios e lagos amazônicos confirma a lenda. Conhecido como um peixe bravo e lutador, o pirarucu (Arapaima gigas) está sendo considerado uma grande promessa para a aquicultura nacional, motivo pelo qual tem sido foco de pesquisas para aumentar a produtividade em cativeiro. Esse é o objetivo do projeto Pirarucu da Amazônia, coordenado pela Embrapa e financiado pelo Sebrae e pelo Ministério da Pesca e Aquicultura. O pirarucu é o maior peixe de água doce fluvial do Brasil. Ele pode atingir três metros de comprimento e pesar até 250 quilos. A força e a coloração avermelhada das suas escamas, principalmente na região da cauda, que se acentua no período reprodutivo, além da respiração aérea (que acontece pela boca), conferem à espécie características únicas. "A respiração aérea é uma característica evolutiva que permitiu ao pirarucu sobreviver em ambientes mais hostis. Além disso, as escamas formam um escudo protetor contra predadores", explica a engenheira de pesca Adriana Ferreira Lima, pesquisadora da Embrapa que coordena o Projeto Pirarucu da Amazônia. "É um peixe instigante por vários aspectos. Um deles, que costuma chamar a atenção da maior parte das pessoas, principalmente dos produtores, é o porte que este animal alcança em ambiente de cativeiro. Na piscicultura de água doce é o único peixe brasileiro que atinge 10 quilos com apenas um ano de cultivo" afirma a pesquisadora.

     

     

    CRESCIMENTO CONTROLADO

    Além do crescimento acelerado, a rusticidade e elevada qualidade da carne também são estímulos ao estudo da espécie. O pirarucu é uma espécie que se reproduz de forma natural e aleatória. Isto significa que a fertilização é influenciada por diferentes fatores, como o clima, a temperatura da água e a alimentação. O projeto Pirarucu da Amazônia está sendo desenvolvido nos sete estados da região Norte. O objetivo geral é desenvolver e transferir tecnologias para a cadeia produtiva do pirarucu visando aumentar a produtividade e a competitividade dessa cadeia produtiva, desde a base de reprodução até a engorda. O projeto tem vigência até 2015 e conta com recursos de R$4,5 milhões, que estão sendo gerenciados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, CNPq. Entre as pesquisas que estão sendo realizadas no âmbito do projeto está análise do DNA dos reprodutores para identificar parasitas do pirarucu e, com isso, prevenir doenças potenciais nas áreas de cultivo. Também estão sendo feitos estudos para melhorar o manejo nutricional dos peixes com objetivo de obter um melhor desempenho na engorda e no rendimento da carne do pirarucu. Este ano foi iniciada a marcação eletrônica dos peixes, com o uso de chips, para monitoramento dos animais. A ideia é fazer o rastreamento da reprodução do pirarucu para a identificação dos plantéis (casais) que geram alevinos (filhotes) de maior qualidade e possam, consequentemente, aumentar a produção do peixe cultivado. Além dos benefícios para o setor da aquicultura, vale lembrar que estudos científicos voltados ao aumento do desempenho da espécie em cativeiro contribuem indiretamente para a manutenção e conservação dos estoques naturais do pirarucu, espécie que vem sofrendo crescente pressão pela atividade pesqueira em águas amazônicas.