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    Ciência e Cultura

    On-line version ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. vol.67 no.1 São Paulo Jan./Mar. 2015

    http://dx.doi.org/10.21800/2317-66602015000100007 

    MUNDO
    DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

     

    Parasitologia em quadrinhos aproxima ciência da população

     

     

     

    Isabel Vincent é pesquisadora do Centro de Parasitologia Molecular Wellcome Trust (WTCMP, na sigla em inglês), no Reino Unido, onde estuda o protozoário Trypanossoma cruzy, que causa a doença de Chagas. Ela é mais conhecida, no entanto, como Izzy, personagem dos gibis publicados pelo Wellcome Trust para divulgar pesquisas e informações sobre doenças parasitárias negligenciadas como verminoses, doença do sono e leishmaniose. Ligado à Universidade de Glasgow, o centro dedica-se exclusivamente ao estudo dos impactos dessas doenças, ao desenvolvimento de medicamentos e de métodos de controle. A primeira revista em quadrinhos publicada pelo Wellcome Trust foi Parasites, em 2010. "Inicialmente foram impressas cinco mil revistas mas, com as reimpressões, chegamos a 10 mil exemplares", conta Alexandra Mackay, que gerencia o centro de pesquisa e coordena as ações de divulgação científica. "Escolhemos os quadrinhos porque pensamos que seria uma forma de comunicação divertida, que atingiria todas as idades. Tem sido um método de divulgação muito bem sucedido", diz.

    Ciência em cores Parasites foi escrita pelo parasitologista da Universidade de Glasgow, James Hall, e ilustrada por Edward Ross, artista de quadrinhos de Edimburgo, com grande experiência na divulgação científica. Segundo ele, a linguagem dos quadrinhos ajuda a fazer com que ideias complexas tornem-se acessíveis para o grande público. "Meu desafio é equilibrar o rigor científico com imagens atraentes", diz. "Em Parasites, por exemplo, tentei representar os parasitas de forma que ficassem, ao mesmo tempo, coloridos, brilhantes e assustadores", conta o artista. Com textos simples, Parasites trata de algumas doenças causadas por parasitas, do contágio e da forma em que são feitas as pesquisas - por exemplo, para facilitar a visualização de interações-chave, os cientistas introduzem moléculas fluorescentes (retiradas da água-viva) no interior desses organismos. Os autores enfatizam a importância de se estudar as doenças negligenciadas, assim chamadas porque, como atingem sobretudo a população de baixa renda, não despertam o interesse da indústria farmacêutica. Uma dessas doenças, a malária, também foi tema de um dos gibis publicados pelo Wellcome Trust. Em 2012 foi publicada a revista Malária: a batalha contra um assassino microscópico, produzida em parceria com o Instituto Europeu Virtual para a Pesquisa da Malária (Evimalar), uma rede de pesquisadores financiada pela comissão europeia.

    Porta de entrada Nem todos estão dispostos a enfrentar uma leitura densa sobre temas complexos como processos de contágio e disseminação de doenças parasitárias. "O mundo colorido que apresentamos nas histórias em quadrinhos pode ser muito mais atraente e capaz de atingir um público mais amplo", acredita Ross. "A ideia, no entanto, é cativar o leitor, para que, a partir do que aprendeu nas histórias em quadrinhos, ele se sinta inspirado para buscar conhecimento e aprender mais", aponta. O gibi sobre malária foi traduzido em diversos idiomas, entre eles o português, espanhol, suaíli e chechewa, línguas faladas no Quênia e em Moçambique respectivamente. O instituto publicou Study parasitology, em 2013, na qual Isabel Vincent, ou Izzi, explicado que trata a parasitologia e quais as principais doenças estudadas no WTCMP. A ideia de transformar os pesquisadores em personagens ajuda a aproximá-los dos leitores. Para Mackay, a ideia é desenvolver uma série própria de revistas em quadrinhos. "Também criamos versões eletrônicas das revistas. Assim qualquer pessoa, desde um estudante na África, um gestor de um instituto de pesquisa ou mesmo alguém que goste de quadrinhos, pode acessar e usar o material que produzimos", finaliza.

     

    Patrícia Mariuzzo