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Ciência e Cultura
versão On-line ISSN 2317-6660
Cienc. Cult. vol.67 no.1 São Paulo jan./mar. 2015
http://dx.doi.org/10.21800/2317-66602015000100023
CULTURA
Poesia
Magali Oliveira Fernandes
O termômetro
o termômetro marcava quatro graus... fiz um passeio à tarde com meus amigos ao mis para ver uma pequena exposição de capas de livros. assisti no caminho a um espetáculo de miséria: muitos homens e mulheres sem teto passavam frio e fome nas ruas da cidade: capas de livros não ocupavam mais lugar e sentido no desalinho da paisagem dos meus olhos tão embriagados de passividade numa noite que não teve fim...
Homem
no homem me interessa
menos o corpo,
quero dele o que não se
sabe ainda, a outra
parte: o sol saindo das
orelhas-borboletas e
voadoras de um elefante
leve, quente e feliz.
Sins
amor soa sins
e tateia eus
na gratuidade
do corpo.
é folha de livro
que (lida ou quase)
se desfaz no tempo.
fica somente o perfume,
um outro texto,
submerso
na imensidão do ar.
Forma do vazio
em toneladas de nadas
voo em verso: minha
existência
a olho nu. dispenso drogas
nas suas transcendências
sórdidas e sanguessugas.
prefiro
a forma do vazio
soada no limite flexível
da palavra.
Mar
mar: manto e música
minha miragem
palavra em sopro e espuma
alonga a tua língua azul
epifânica
sobre meu corpo frio
e quase morto.
rima polifônica em sal.
Magali Oliveira Fernandes nasceu em São Paulo. É pesquisadora na área de comunicação - edição. Atualmente, trabalha na Univesp. Tem textos publicados sobre o tema da edição popular no Brasil, entre eles: Chico Xavier - um herói brasileiro no universo da edição popular (2008, Editora Annablume), resultado de seu doutorado defendido na PUC-SP. Em poesia, lançou: Olho nu (2000, Ateliê/Educ/ComArte) e Sins - poemas para não ler (2006, Dix Editorial), dos quais foi extraído o que vai aqui publicado.