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    Ciência e Cultura

    versão On-line ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. vol.68 no.1 São Paulo jan./mar. 2016

    http://dx.doi.org/10.21800/2317-66602016000100019 

    LITERATURA

     

    40 anos sem Agatha Christie

     

     

    Esdras Matheus Magadan

     

     

     

    É impensável falar de romance policial, mistério e suspense e não citar a inglesa Agatha Mary Clarisse Muller, ou simplesmente Agatha Christie. O mês de janeiro de 2016 marca quarenta anos de ausência da escritora de romances policiais mais traduzida no mundo. Em 12 de janeiro de 1976, ela se despediu, aos 85 anos, deixando órfãos seus leitores em todo o mundo, mas marcando definitivamente seu nome na literatura universal.

    Autora de quase 100 obras, entre peças de teatro, romances policiais e contos, Agatha Christie nos presenteou com pelo menos cinco detetives, dos quais se destacam Hercule Poirot, inspirado em um refugiado belga, arrogante e meticuloso, com suas famosas "células cinzentas" e miss Jane Marple, solteirona de uma cidadezinha chamada St. Mary Mead, atenta às conversas, curiosa sobre a vida alheia e com uma percepção apurada dos relacionamentos humanos. Para alguns miss Marple seria, na verdade, o alter-ego de Agatha Christie. Diferentes e encantadores, os dois detetives nunca se encontraram nos livros da escritora.

    Estreou como autora em 1920 com o livro O misterioso caso de Styles, anteriormente recusado por vários editores. O último trabalho foi Cai o pano, de 1975, que marcou a despedida de Hercule Poirot. Entre os livros mais aclamados da autora inglesa estão O assassinato de Roger Ackroyd (1926), O caso dos 10 negrinhos (1939) e Assassinato no Expresso do Oriente (1939), sendo que os dois últimos foram adaptados para filmes, em 1945 e 1974, respectivamente. Outros livros duplamente empolgantes são: Encontro marcado com a morte (1938); A mão misteriosa (1942); Cem gramas de centeio (1953) e A testemunha ocular do crime (1957). Inspirada por outros escritores clássicos ingleses, como Willian Shakespeare e Arthur Conan Doyle, boa parte dos cenários de suas histórias são os sobrados, bosques e estações de trens ingleses. Os enredos revelam uma boa química que tem como ingredientes relacionamentos familiares conflitantes, doses de humor e sarcasmo, reviravoltas surpreendentes, mortes inusitadas, uma narrativa dinâmica e desfechos criativos. Escreveu, também, peças de teatro de sucesso como A ratoeira e Testemunha de acusação. Esta última virou filme, em 1957, com Marlene Dietrich e Tyrone Power nos papéis principais, sendo considerado por Christie a melhor adaptação de sua obra para cinema.

     

     

    VIAGENS E HISTÓRIAS

    De mãe inglesa e pai norte-americano, Agatha casou-se duas vezes. Herdou o sobrenome Christie do primeiro marido, mas foi com Max Edgar Lucien Mallowan, um arqueólogo dez anos mais jovem, que permaneceu até o fim dos dias. A vida com Mallowan lhe rendeu viagens pelo mundo e cenários exóticos para seus livros. Seu trabalho como enfermeira voluntária na Cruz Vermelha durante a Primeira Guerra Mundial lhe proporcionou grandes conhecimentos sobre medicamentos e venenos, seu método favorito para matar seus personagens, muitas vezes tão verossímeis que se tem a impressão de poder encontrá-los em uma esquina qualquer, encostados em Ford Bigode tomando xerez. Segundo a escritora, suas histórias nasciam ao acaso, da observação cotidiana, e o processo de criação deveria ser tão interessante quanto o próprio resultado que revela sempre, em cada história - com suas particularidades, ambiente e motivações únicos - uma habilidade de seduzir e surpreender.