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    Ciência e Cultura

    versão On-line ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. vol.68 no.4 São Paulo out./dez. 2016

    http://dx.doi.org/10.21800/2317-66602016000400008 

    MUNDO
    DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

     

    A ciência em público na Inglaterra

     

     

    Jessica Norberto Rocha

     

     

    Quem já foi à Europa em julho sabe que quando chega o verão as cidades se enchem de cor, alegria e que os parques e praças são ocupados pelas pessoas. É também nesse momento que a divulgação científica vai para as ruas. Todos os anos acontece no centro de Londres, Inglaterra, o Summer Science Exhibition, evento gratuito organizado pela The Royal Society (Real Sociedade de Londres). Este ano o evento aconteceu entre os dias 04 e 10 de julho.

    Durante uma semana, por meio de exposições interativas, palestras e debates, cientistas e alunos de pós-graduação das mais reconhecidas instituições de ensino e pesquisa e de sociedades científicas do Reino Unido e de outros países da Europa mostraram para a população da capital inglesa o que estão desenvolvendo nas suas investigações.

    As exposições deste ano possibilitaram dialogar com o público sobre diversos assuntos, desde o combate a células cancerígenas à sismologia vulcânica, de aplicações do diamante à prevenção e tratamento de infecções fúngicas, do entendimento da antimatéria no universo e do que aconteceu instantes depois do Big Bang, até a produção de vibrações em nano escala para estimular células tronco.

     

     

    ORIGEM DO MUNDO

    Na mostra "Galaxy makers: how do you build a galaxy?", organizada conjuntamente pelas Universidades de Durham e Newcastle, do Reino Unido, pela Universidade de Leiden, da Holanda, e pelo Instituto de Estudos Teóricos Heidelberg, da Alemanha, o visitante podia criar a sua própria galáxia e ainda levá-la para casa. Usando supercomputadores que fazem simulações, ele tinha que escolher uma determinada quantidade de elementos, como gás, poeira, estrelas, buracos negros, matéria escura, energia e eventos do universo, para configurar uma "nova" galáxia. Depois de criada, ela era projetada holograficamente e seus dados analisados por um astrônomo. Como recordação, o visitante ganhava um mini cubo de holografia com o código da sua galáxia para que, através do web-site do grupo, pudesse visualizá-la e introduzir novas configurações.

    Em outra experiência imersiva, por meio de dois grandes robôs, o público pode visualizar e simular em 3D os cortes, pontos e movimentos que os médicos fazem nas operações. Fruto de uma parceria entre o Royal Free Hospital, as universidades de Oxford, University College London e University College Hospital e as empresas Intuitive Surgical Inc. e InnersightLabs, a ideia era mostrar como tecnologia e inovação estão unidas nos procedimentos cirúrgicos complexos e de alta precisão.

    Também em julho, aconteceu outro evento de divulgação científica na capital inglesa: a "The Big Bang: UK young scientists and engineers fair" (O Big Bang: feira para jovens cientistas e engenheiros do Reino Unido). Nessa feira, alunos da educação básica apresentaram seus trabalhos de temáticas variadas. Havia pesquisas sobre como os videogames podem afetar o organismo; como modelar peças de xadrez com personagens do Game of thrones em impressoras 3D; como a envergadura das asas afeta o voo de um avião de papel e como diferentes líquidos afetam a massa e a textura dos dentes. A feira, distribuída em três localidades de Londres, é uma etapa que serve para selecionar doze trabalhos para a feira nacional que acontecerá em Birmigham, em março de 2017. Em cada uma das localidades foram apresentados aproximadamente 40 trabalhos, julgados a partir de critérios como metodologia e rigor científico, criatividade e potencial de aplicação e/ou desenvolvimento do projeto.

    Essas características não faltaram na pesquisa "Como o mundo vai acabar?". De previsões vindas de histórias em quadrinhos até problemas contemporâneos, como o terrorismo, ebola, câncer, guerra nuclear e aquecimento global, foram várias as hipóteses levantadas para discutir a relação entre ciência e sociedade. "Estamos desenvolvendo essa pesquisa para refletir e, ao mesmo tempo, conscientizar nossos colegas sobre como as questões da ciência têm impacto na nossa vida. Afinal, não é porque somos jovens que não podemos ter uma concepção e uma visão crítica do mundo. Temos que questionar aqueles políticos que tomam as decisões por nós", afirmou um dos alunos do grupo de apenas 13 anos.

    Fomentar nos jovens o pensamento crítico e reflexivo sobre a ciência e seus impactos na sociedade é apenas um dos objetivos das feiras de ciências. A Big Bang Fair tem como papel vital inspirar futuros cientistas e engenheiros em nível local e nacional, começando com um trabalho nas escolas.

    Rose Russel, professora da escola Ursuline Academy Ilford, orientou trabalhos sobre sustentabilidade e engenharia para países pobres e em desenvolvimento, que foram selecionados por três anos consecutivos para a feira nacional, e acredita que "participar da feira tem uma influência significativa na vida dos jovens, mesmo que não sigam carreiras em STEM (sigla em inglês para ciência, tecnologia, engenharia e matemática), porque ajuda a definir a área que eles querem seguir".

    Na feira, além de expor seus trabalhos, os alunos participam de oficinas, palestras e cursos ministrados por cientistas e engenheiros de universidades, instituições de pesquisa, museus e empresas de tecnologia e engenharia.

     

     

    INICIATIVA BRASILEIRA

    Enquanto na Inglaterra a efervescência da divulgação científica acontece em julho, no Brasil é no mês de outubro. A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) há 12 anos vem mobilizando a comunidade científica brasileira, empresas públicas, escolas, fundações de apoio, institutos de pesquisa, ministérios, museus, secretarias estaduais e universidades para a organização de eventos de divulgação científica e feiras de ciências em todas as regiões brasileiras. Organizada pelo Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), em 2015, a Semana atingiu a marca histórica de mil municípios onde instituições de pesquisa e as universidades foram às ruas ou abriram suas portas para mostrar e dialogar com a população sobre suas pesquisas. Em 2016, a SNCT aconteceu entre os dias 17 e 23 de outubro, com a temática "Ciência alimentando o Brasil". As atividades podem ser conferidas no website: http://semanact.mcti.gov.br/.