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    Ciência e Cultura

    versão On-line ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. vol.71 no.1 São Paulo jan./mar. 2019

    http://dx.doi.org/10.21800/2317-66602019000100009 

    ARTIGOS
    INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE

     

    Apresentação

     

     

    Ima Célia Guimarães Vieira

    Pesquisadora titular do Museu Paraense Emilio Goeldi

     

     

    A humanidade encontra-se em um período de vigorosas transformações socioambientais e vários sinais, incluindo o crescimento populacional, o elevado padrão de consumo, a poluição urbana, as mudanças climáticas e a perda de biodiversidade, indicam que estamos em uma trajetória insustentável. Para garantir o bem-estar da atual e futuras gerações, operacionalizar o conceito de sustentabilidade tornou-se um grande desafio. Assim, um conjunto expressivo de métricas - indicadores e índices de sustentabilidade - tem sido proposto e nos permite localizar nossa condição atual em relação às condições que prevaleceram no passado, além de desenvolver ações relevantes para o futuro.

    O desenvolvimento de indicadores para aferir o desenvolvimento sustentável tem história relativamente curta. Os avanços ocorreram após a Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas (Cúpula da Terra), realizada no Rio de Janeiro em 1992, que propôs os princípios fundamentais e um programa de ação para alcançar o desenvolvimento sustentável. Desde a Agenda 21, passando pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) até os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), os países passaram a programar ações para atingir objetivos e metas estabelecidas nessas diferentes iniciativas globais, com enormes desafios. Diversas organizações internacionais, agências governamentais, ONGs, comunidades, empresas e cientistas têm dedicado um esforço significativo à concepção e implementação de indicadores que medem o estado e a trajetória das condições ambientais e do desenvolvimento socioeconômico. O que não tem sido uma tarefa fácil, dada a complexidade e a diversidade de perspectivas e disciplinas relacionadas com sustentabilidade.

    Neste Núcleo Temático dedicado aos indicadores de sustentabilidade, apresentamos uma visão geral desse amplo, mas ainda emergente, corpo de pesquisa no Brasil. A amplitude dos estudos nacionais realizados sobre o tema certamente não se encontra esgotada neste dossiê, mas não resta dúvidas que conseguimos reunir a excelente contribuição de alguns dos principais cientistas que vêm se dedicando ao tema no país.

    No primeiro artigo, José Eli da Veiga apresenta aspectos relevantes sobre indicadores de sustentabilidade que surgiram nos últimos três anos, tanto no âmbito global, como no Brasil. Ainda, discute o conjunto dos 17 ODS e a importância histórica das recomendações feitas em 2009 pela comissão Stiglitz-Sen-Fitoussi, que culminou com mensagens e recomendações sobre avaliação de sustentabilidade.

    Júlio César Roma apresenta, no segundo artigo, os resultados obtidos ao longo da implementação dos ODM no Brasil e discute a transição e os desafios para o alcance dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Neste tema, Denise Kronemberger fornece, no terceiro artigo, uma visão histórica sobre o processo de discussão e proposição dos indicadores globais da Agenda 2030 e aborda os principais desafios que envolvem a produção dos indicadores ODS, com foco na dimensão ambiental.

    Os dois últimos artigos deste Núcleo Temático são voltados à discussão do desenvolvimento e aplicação de indicadores de sustentabilidade na Amazônia, em uma abordagem regional e municipal. Nesse sentido, no quarto artigo, trago a experiência de vários estudos e aplicações práticas em diferentes escalas na Amazônia e exponho desafios de mensurar a sustentabilidade de uma região tão complexa como essa. Por fim, Andreza Cardoso e Roberto Araújo trazem uma análise dos resultados regionais dos ODM, em um estudo de caso para São Felix do Xingu, no Pará, evidenciando a falta de integração entre o ideal e o real de sustentabilidade, quando se trata de interesses individuais e coletivos.

    Espero que os esforços de reflexão sobre os indicadores de sustentabilidade que o leitor encontra em cada um dos artigos que compõem este dossiê estimulem o debate e os avanços sobre o tema.