MODELAGEM MATEMÁTICA
Pesquisas para prever ocorrência de endemia
Os pesquisadores do Centro de Referência em Informação Ambiental (Cria), que estudam a distribuição de espécies através da modelagem computacional, vão usar essa metodologia em dois subprojetos para prever a ocorrência da leishmaniose em áreas geográficas onde a doença não aparecia. A pesquisa é feita em parceria com o professor Andrew Townsend Peterson, da Universidade do Kansas. Segundo o pesquisador Ricardo Scachetti Pereira, com um algoritmo genético é possível prever a distribuição maior ou mesmo a retração de espécies.
A partir desses dados, procura-se verificar a dinâmica da leishmaniose em duas situações: a primeira, coordenada pela pesquisadora Vera Camargo Dias, da Sucen, busca prever áreas geográficas onde a leishmaniose cutânea, que é endêmica, pode ocorrer. Para isso, os pesquisadores estão estudando as cinco principais espécies do gênero Lutzomyia e suas interações com o meio ambiente. O mapeamento identifica regiões que apresentam condições semelhantes aos locais dos pontos de ocorrência, e que também podem ser regiões endêmicas.
O segundo projeto, também em parceria com a Sucen e com o professor Jefrey Shaw (USP), pretende entender as causas de um surto de leishmaniose visceral, que ataca a mucosa nasal e outras mucosas, em uma área urbana de São Paulo. Scachetti ressalta que a doença era tipicamente rural e não se sabe ainda como foi levada para o centro urbano. Os estudos comparam um levantamento feito pela Sucen e focalizam dois possíveis reservatórios: cachorros e raposas.
Essa metodologia foi testada anteriormente pela equipe de Townsend, para prever as áreas de ampliação da malária e do ebola na África e regiões onde poderia ocorrer um novo surto da febre do Nilo, nos Estados Unidos. No Brasil, em parceria com a Fiocruz, a equipe estudou aspectos ecológicos e ambientais relacionados com o barbeiro, causador da doença de Chagas.
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