ETNOBIOLOGIA
Pesquisas ganham espaço nas universidades mas área ainda é pouco divulgada no país
A etnobiologia, ciência que estuda conhecimento e conceitos sobre biologia desenvolvidos dentro de determinadas comunidades, tem ganhado cada vez mais espaço no meio acadêmico. Sem nenhum curso de pós-graduação específico até o momento, possui, no entanto, linhas de pesquisa em algumas universidades do país. Estas pesquisas deverão ser debatidas no V Simpósio Brasileiro de Etnobiologia e Etnoecologia, a ser realizado em Cuiabá (MT), na primeira semana setembro. A idéia é criar espaço para uma troca de experiências entre pesquisadores, grupos de estudos na área, ONG's e comunidades tradicionais indígenas e não-indígenas. Os temas estarão focados na conservação da biodiversidade e gestão dos recursos naturais.
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A coordenadora do simpósio, Maria de Fátima Coelho, professora da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), explica que a etnobiologia permite que várias questões sejam tratadas sob diversos olhares: "sou agrônoma e meu foco é a relação de uma comunidade com suas práticas de cultivo e consumo; já um biólogo teria um outro olhar sobre a mesma comunidade".
Os trabalhos em etnobiologia costumam reunir métodos, técnicas e conceitos de variadas disciplinas. As pesquisas no Brasil vêm sendo implementadas tanto com populações isoladas – sociedades indígenas, caboclas, ribeirinhas, quilombolas – quanto no meio urbano. Criada em 1996, a Sociedade Brasileira de Etnobiologia e Etnoecologia (SBEE) já dispõe de muitos trabalhos na área, mas pouco divulgados a um público mais amplo. "Existe uma grande discussão entre os estudiosos da área, sobre a forma de transmitir o conhecimento gerado nas pesquisas às populações co-participantes", informa o pesquisador da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Eraldo Medeiros Costa Neto. Outra barreira na consolidação das pesquisas na área está relacionada a um certo desdém com que muitos pesquisadores encaram as etnociências.
Sabine Righetti
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