Marcus Fabiano Gonçalves
DRUMMOND, FARMACÊUTICO | HOMO FABER | ||||||
na usinagem das anginas, o melhoral: do neurônio à reles bactéria digestiva bálsamo para as dores que excruciam | no manejo livre da mão sem trilha ]]> a menor mandíbula que fala ou mastiga | ||||||
contra as tênias do tédio, o vermífugo | à flor da pele doída | ||||||
o velho tônico de combate à anemia: o ferro do sangue, o mesmo da mina sabendo a bílis negra da melancolia | e que fosse prazo ]]>
ou siso à sua guisa: tempo - hemorragia q ue é a própria vida | ||||||
e para os achaques de asma ou mialgias | ou mesmo poesia: a inútil pedra polida amolando os sentidos que a fala não afia. |
]]> SPAGHETTI WESTERN
por três segundos, naqueles fotogramas da sétima arte, só um coldre sobre o catre. um corte para o vilão (carranca de bebeu vinagre) e dois índios impávidos (mexicanos de forte-apache). na tomada alguns agaves e pelotas de feno pela rua do combate. quatro closes alternados completam a sequência do face a face e o tema do suspense encaminha-se para o ápice. as mãos rápidas e então os saques: cai o mocinho sem acreditar que seu Smith & Wesson engasgue. agora entendes a insistência na imagem? tiraram as balas do revólver do coldre sobre o catre. velhos truques da dramaticidade: bandido bom, melhor se for covarde.
Marcus Fabiano Gonçalves (1973) é gaúcho e mora no Rio de Janeiro, onde é professor da Universidade Federal Fluminense. Os poemas desta seleção pertencem ao seu segundo livro de poesias, Arame Falado (7Letras). O autor também publica ensaios e inéditos no blog Arame Falado, no endereço: marcusfabiano.wordpress.com
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