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    Ciência e Cultura

    Print version ISSN 0009-6725On-line version ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. vol.58 no.4 São Paulo Oct./Dec. 2006

     

     

     

    TECNOLOGIA

    ONG identifica falha em urna eletrônica usada nos EUA

     

    "Se você tem acesso físico a essas máquinas e quer fraudar uma eleição, tudo é possível com a Diebold TS — e pode ser feito sem deixar rastros. Basta uma chave de fenda". A declaração é de Alan Dechert, presidente da Open Voting Foundation (OVF, Fundação Voto Aberto), organização que fiscaliza e denuncia problemas com as urnas eletrônicas dos Estados Unidos. Técnicos da OVF descobriram falha em um dos modelos de urna usado nos EUA que permite, a partir de pequenas alterações físicas na placa-mãe, executar três sistemas diferentes de inicialização da máquina sem que nenhum procedimento de fiscalização seja capaz de detectar.

    Do mesmo modo que em um computador comum, a Diebold TS, ao ser ligada, roda um pequeno programa inicial, instalado em um componente fixo (chip EPROM). O que a OVF descobriu é que é possível fazer com que outro programa, instalado em uma memória externa (flash), seja executado em lugar do original: basta ligar um interruptor que fica indicado na placa. A OVF divulgou a imagem do circuito eletrônico que contém essa indicação. Ao retornar o interruptor à configuração original é impossível identificar que houve alteração.

     

     

    Os equipamentos produzidos pela Diebold são alvo de intenso questionamento nos EUA. No estado da Carolina do Norte, em 2004, foram encontradas irregularidades em sistemas de votação touch screen (botões clicáveis na tela) fornecidos pela empresa e a justiça requereu fiscalizar o código-fonte do programa utilizado. Alegando impedimentos legais para disponibilizar esse código, já que parte dele pertence a Microsoft, a empresa declarou-se decidida a deixar de prestar serviços a esse estado.

    No Brasil, a Diebold é proprietária da Procomp, responsável por parte das urnas do país. O projeto do hardware e do software utilizado, entretanto, são de autoria do Tribunal Superior Eleitoral.

    O sistema estadunidense é bastante complicado, pois cada condado (uma pequena parte do estado) pode decidir livremente pelo sistema de votação que adotará. Com isso, em um mesmo estado, pode haver votação em papel, com máquina para perfurar cartões, com sistemas de leitura ótica dos votos ou com urnas totalmente eletrônicas, que emitem ou não um comprovante em papel. Entre outras medidas, os ativistas requerem que todas as urnas emitam comprovantes em papel, o que permitiria uma eventual auditoria não-eletrônica.

     

    Rafael Evangelista